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Ao final, Leite voltou a falar em arrependimento e disse acreditar na Justiça brasileira porque está “sofrendo com ela”. “Meu principal lamento foi não ter feito outra escolha”, disse. | Luis Macedo/ Câmara dos Deputados
Ao final, Leite voltou a falar em arrependimento e disse acreditar na Justiça brasileira porque está “sofrendo com ela”. “Meu principal lamento foi não ter feito outra escolha”, disse.| Foto: Luis Macedo/ Câmara dos Deputados

Mesmo com dois depoentes em silêncio na sessão desta terça-feira, o relator da CPI da Petrobras, Luiz Sérgio (PT-RJ), considerou produtivo o depoimento do ex-vice-presidente da Camargo Corrêa Eduardo Hermelino Leite à CPI da Petrobras. Em quatro horas de oitiva, Leite afirmou que herdou a prática de pagamento de propina quando assumiu os contratos com a Petrobras. “O dado novo é que ele deu continuidade a contratos assinados em 2002. Isso reforça a tese de que o esquema vinha de muito tempo atrás”, comentou Luiz Sérgio.

Leite, que chegou a se emocionar durante o depoimento, contou que assumiu a vice-presidência da empreiteira em 2011 e que foi cooptado por um esquema preexistente. Segundo ele, seus antecessores Leonel Viana e João Auler passaram a orientação de que a Camargo Corrêa deveria continuar pagando propina ao esquema, caso contrário teria dificuldades com a Petrobras. “Não me via cometendo um crime, era algo que já existia, que era funcional”, declarou.

Desde a criação da CPI da Petrobras na Câmara, os petistas vêm atuando para incluir a gestão Fernando Henrique Cardoso nas investigações, mas esbarram no regimento da Casa. Como o pedido de criação da comissão tem como foco as irregularidades na estatal do período de 2005 a 2015, a bancada do PT vem procurando formas de avançar na apuração de supostos desvios ocorridos no governo tucano. Os petistas argumentam que a corrupção não surgiu nos últimos 12 anos.

Empreiteiros ficam em silêncio e são dispensados de depoimento na CPI

Dois empreiteiros que seriam ouvidos nesta tarde na CPI da Petrobras foram dispensados após anunciarem que exerceriam o direito constitucional de ficarem calados em todos os questionamentos. Seriam ouvidos os ex-presidente do Conselho de Administração da Camargo Corrêa, João Ricardo Auler, e o ex-presidente da OAS, José Aldemário Pinheiro Filho, conhecido como Léo Pinheiro. “Conforme orientação de meus advogados, vou ficar em silêncio”, avisou Auler. “Comunico respeitosamente que ficarei em silêncio seguindo a orientação dos meus advogados”, repetiu Léo Pinheiro. Os executivos seriam ouvidos na condição de investigados.

A CPI ainda ofereceu a opção de fechar a reunião para ouvi-los, mas ambos mantiveram a decisão de não falar aos deputados. O procedimento é o mesmo adotado pelo ex-vice-presidente da Engevix, Gerson Almada, em depoimento na semana passada. “Os que fizeram delação têm obrigação de falar, os que não fizeram não”, explicou o presidente da CPI, Hugo Motta (PMDB-PB) aos parlamentares revoltados com a dispensa dos depoentes. Motta argumentou que seria improdutivo mantê-los na sessão sem que respondessem às indagações dos membros da comissão.

Arrependimento

Durou quatro horas o depoimento do ex-vice-presidente da Camargo Corrêa, Eduardo Hermelino Leite à CPI, o único que prestou esclarecimentos hoje aos deputados. O executivo revelou que ouviu Ricardo Pessoa (da UTC) e Márcio Faria (da Odebrecht) reclamando dos recursos repassados ao esquema de corrupção. “Esse volume de coisas que temos de pagar é absurda”, teria dito Pessoa a ele.

Ao final, Leite voltou a falar em arrependimento e disse acreditar na Justiça brasileira porque está “sofrendo com ela”. “Meu principal lamento foi não ter feito outra escolha”, disse.

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