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Eduardo Cunha conversa com correligionário na sessão da Câmara: pacto de silêncio. | LLula Marques/Agência PT
Eduardo Cunha conversa com correligionário na sessão da Câmara: pacto de silêncio.| Foto: LLula Marques/Agência PT

Apesar de admitirem, em conversas reservadas, que as denúncias contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ficaram mais graves, líderes e presidentes de partidos — tanto os da oposição quanto os aliados do governo — preferem silenciar e publicamente não fazer cobranças a Cunha. Na oposição, líderes dizem que será preciso bancar a permanência de Cunha no cargo, apesar do desgaste, por conta do interesse no processo de impeachment da presidente Dilma.

Embora defendam investigação rigorosa e neguem que haverá blindagem, também não há disposição de apoiar um pedido de afastamento de Cunha da presidência da Câmara antes do julgamento da ação contra ele no Supremo Tribunal Federal (STF), o que ainda não tem sequer data prevista.

O presidente do PPS, deputado Roberto Freire (SP), alegou que o problema do país é a presidente Dilma Rousseff, e que Cunha, como outros parlamentares, são coadjuvantes no processo de perda de valores motivado pela corrupção. Segundo ele, os parlamentares nada podem fazer no caso, apenas o STF. “Não há perda de autoridade, e nem a mobilização pró-impeachment sairá enfraquecida com as novas denúncias contra Eduardo Cunha. Nada muda na nossa estratégia, e o PPS manterá a mesma postura de aguardar o julgamento do Supremo”, disse Freire.

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Um dos líderes da oposição, nos bastidores, tentou justificar a manutenção do apoio a Cunha, apesar do agravamento das denúncias contra ele. “ É preciso bancar o desgaste em nome do impeachment”, disse o líder, reservadamente.

Leonardo Picciani (RJ), líder do PMDB, o partido de Cunha, defendeu a presunção da inocência quando questionado se o presidente da Câmara tem condições de permanecer no cargo. “Até que se conclua qualquer processo, até que ele seja julgado, a presunção da inocência tem que ser respeitada. Defendo seguir a investigação normal e aguardar o fim do julgamento. Não pode haver prejulgamento”, disse.

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O argumento foi parecido com o usado pelo líder do PSD, Rogério Rosso (DF): “Todos têm direito ao princípio constitucional da ampla defesa e do contraditório. Vale para qualquer cidadão brasileiro”.

O presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), também investigado na Operação Lava Jato, afirmou que não vê motivo para afastamento de Cunha. Um dos líderes da base, próximo a Cunha, disse que “as investigações estão avançando, e outras interrogações estão surgindo”, mas que ainda é preciso aguardar que Cunha se defenda e mais informações sobre os dados vindos da Suíça. Para líderes aliados, falta “uma prova cabal”. Muitos citaram o caso do senador Romário (PSB-RJ), que foi acusado de ter conta não declarada no exterior e conseguiu provar que não era dele.

A oposição espera que Cunha apresente na próxima semana sua decisão sobre ao pedido de impeachment de Dilma feito pelos juristas Hélio Bicudo e Miguel Reale Júnior. Está certa de que, como fez com os demais pedidos, Cunha deverá mandar arquivar. E já se preparam para recorrer ao plenário. Assim, caberá à maioria aprovar ou rejeitar.

O líder do oposicionista Solidariedade, Arthur Maia (BA), defendeu Cunha: “Se não houve impedimento judicial para se manter deputado, ele pode tudo. A Justiça é quem deve dizer. E devemos sempre garantir a presunção da inocência”.

Para sustentar a defesa da manutenção de Cunha na presidência, a oposição vai alegar que não há o mesmo empenho do MP em investigar Lula, Dilma e outros parlamentares. E que o presidente do Senado, Renan Calheiros, já é réu em outro processo, e ninguém pediu seu afastamento do cargo.

O presidente do PSB, Carlos Siqueira, disse que vai ouvir os deputados do partido na próxima semana para avaliar a posição sobre Cunha diante das novas evidências. Ele disse que não se pode fazer prejulgamento, mas que é complicado ter um presidente de poder nesta situação.

O presidente do DEM, senador José Agripino (RN), disse que as denúncias são graves e que seu partido vai incentivar as investigações, mas sem pedir o afastamento de Cunha até o julgamento do Supremo: “Não vamos fazer prejulgamento. O DEM vai exigir que as investigações ocorram na profundidade que a gravidade das denúncias recomendam”, afirmou.

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