Planos de governo dos candidatos a prefeito não apresentam metas

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Os quatro principais candidatos à prefeitura de Curitiba não se comprometeram com metas de gestão em seus planos de governo entregues ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE) no ato da inscrição da candidatura. Gustavo Fruet (PDT), Luciano Ducci (PSB), Rafael Greca (PMDB) e Ratinho Júnior (PSC) apresentam propostas gerais para a administração do município e, em apenas algumas áreas, expressam compromissos mais objetivos. As coordenações de campanha afirmam que os planos completos ainda serão divulgados e que não os entregaram ao TRE por uma questão de estratégia eleitoral.

Ducci baseia seu plano em diretrizes de produtividade, inovação, equidade e sustentabilidade, convergindo para o que chama de "Bom Governo". Diferentemente dos dois últimos planos de gestão entregues durante a campanha – assinados por ele como vice-prefeito e por Beto Richa, então candidato a prefeito –, Ducci desta vez não quantificou metas de atendimento à população ou números de unidades de escolas, postos de saúde ou casas, por exemplo, que pretende construir. O plano entregue ao TRE genericamente fala em consolidar, ampliar, aperfeiçoar programas, mas sem citar metas na maior parte das propostas.

Fruet diz que pretende dar continuidade aos bons feitos da prefeitura. "Os programas que têm sido bem sucedidos na administração de Curitiba serão mantidos e aperfeiçoados. Não se devem interromper programas e projetos com bons resultados. No entanto, tem programas que precisam mudar. A população de Curitiba quer mais", diz o texto, que prega a ousadia para "mudar o que precisa ser mudado e clareza para manter o que precisa ser mantido".

O pedetista foi o candidato que apresentou o plano mais extenso, com 53 páginas. Porém, apenas 14 apresentam propostas de gestão. Nas demais há um resgate da história de Curitiba e dos planos urbanísticos da cidade.

Em poucos pontos há propostas quantificadas. A maior parte fala em ampliar e expandir programas, ou mesmo criar outros, mas sem delimitar metas, como número de unidades de saúde ou de creches a serem construídas. Algumas exceções são ampliar a hora-atividade para 33% da carga horária para os professores e educadores e promover política que leve a taxa de alfabetização de jovens e adultos a um patamar próximo a 100% da população.

Já Rafael Greca tem um plano de governo de apenas três páginas. Porém, dos quatro principais candidatos, é o que mais se compromete com ações. Promete, por exemplo, inaugurar uma creche por semana, até atingir o total da demanda, retomando uma das marcas da gestão de Roberto Requião (1986-1989) na prefeitura. Também diz que irá construir dez novos centros de especialidades médicas, 50 parques e desistir da construção do metrô, que pretende substituir por monotrilhos. Apesar de quantificar algumas ações, no geral apenas pontua de forma nada detalhada suas intenções.

Ratinho Júnior, no texto apresentado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), explica que o plano de governo é um documento que está em construção. Diz entender que as diversas áreas de gestão precisam ser pensadas em conjunto para uma boa administração pública. "Curitiba sofre de diversos problemas reincidentes. Planejamento adequado e combate às causas de problemas crônicos são fatores essenciais para que tenhamos um desenvolvimento realmente sustentável", diz o texto. Entre as poucas propostas objetivas, promete suprir a demanda de vagas da educação infantil exigidas pelo Ministério Público, resgatar a campanha "Família Folha" de separação do lixo doméstico, e construir uma arena multiuso para atender as áreas de esportes e eventos culturais.

Propostas não estão completas, justificam os concorrentes

As coordenações de campanha e do plano de governo dos quatro principais candidatos à prefeitura de Curitiba responderam à reportagem que o documento entregue à Justiça Eleitoral no momento do registro da candidatura ainda não é o plano completo e sim um texto inicial.

O coordenador do plano de governo de Gustavo Fruet (PDT), Fábio Scatolin, diz que não foram publicadas metas específicas por uma questão de estratégia. "Não é bom expor neste momento todo o plano porque pode ser usado pelos demais candidatos", afirma ele. Scatolin afirma que a campanha já tem detalhamento de vários compromissos, como a meta de construção de 300 quilômetros de ciclovias. Isso não está presente no plano, mas já foi divulgado pela equipe de campanha. Nas próximas semanas, o candidato Gustavo Fruet deve divulgar um plano completo.

Da mesma forma, Carlos Homero Giacomini, coordenador do plano de governo de Luciano Ducci (PSB), diz que foram entregues para a Justiça Eleitoral apenas diretrizes por uma questão de estratégia de campanha. "Vamos divulgar as metas aos poucos e, no dia 14 de agosto, o prefeito vai registrar seu plano de governo no cartório", diz Giacomini. Ele conta que diversas reuniões para elaboração do plano foram realizadas, mas que agora os encontros estão mais intensos, em função do início formal da campanha. "Vamos trabalhar setor a setor, verificando a viabilidade das propostas para apresentar metas viáveis dentro da capacidade orçamentária."

Hélio Amaral, coordenador do plano de governo de Ratinho Júnior (PSC), diz que o candidato vai esperar a realização de debates, comícios e o programa do horário eleitoral para anunciar metas mais concretas. "Se publicássemos todas as metas, com as devidas explicações, precisaríamos de 500 páginas", diz Amaral, que passou por uma situação constrangedora no início da semana. O plano publicado no site do TSE continha um parágrafo. Segundo ele, o texto era a síntese do plano e não o documento completo, que teria sido entregue ao TRE, mas não foi publicado como os demais. O texto integral foi colocado no site do TRE na quarta-feira.

A assessoria de campanha de Rafael Greca (PMDB) informou que o plano de governo não está concluído e o documento entregue à Justiça Eleitoral contém algumas metas. O plano completo deve ser concluído durante a campanha e, então, um novo documento será divulgado.