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Michel Temer não estaria por trás da articulação dos colegas de partido. | Ueslei Marcelin/Reuters
Michel Temer não estaria por trás da articulação dos colegas de partido.| Foto: Ueslei Marcelin/Reuters

Representantes do PMDB passaram a procurar integrantes da cúpula do PSDB para sondá-la sobre um possível apoio tucano no caso de o vice-presidente, o peemedebista Michel Temer, assumir o comando do governo no lugar de Dilma Rousseff em um eventual processo de impeachment da presidente.

Há cerca de dez dias, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso foi o primeiro tucano a ser procurado por um integrante da Executiva Nacional do PMDB para saber sobre a possibilidade de uma aliança. Segundo um peemedebista que teve acesso às conversas, o FHC teria dito que apoiaria uma coalizão em torno de Temer. À reportagem, o ex-presidente disse: “Não estive em conversa alguma sobre essa questão, nem caberia a mim cogitar do que não está em pauta, apesar de estar preocupado, como qualquer brasileiro, com a instabilidade atualmente prevalecente na política nacional”.

Além de FHC, o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), foi sondado sobre um possível apoio a um mandato presidencial de Temer por integrantes do PMDB. Para esses peemedebistas, Dilma dificilmente escapará no segundo semestre do processo no Tribunal de Contas da União (TCU) sobre as chamadas “pedaladas fiscais” nas contas do governo em 2014.

Segundo peemedebistas, a sondagem a Aécio ocorreu nesta semana, e o tema central foi o processo no TCU. O tribunal deve se reunir entre agosto e setembro para julgar o caso. A reportagem procurou Aécio, mas não obteve resposta.

Delação

Outro fator de instabilidade contra o governo Dilma é a delação premiada do dono da construtora UTC, Ricardo Pessoa, alvo da Operação Lava Jato que está hoje em prisão domiciliar. Trechos da delação do empreiteiro vieram a público e citam ministros do núcleo duro do Planalto – os titulares da Casa Civil, Aloizio Mercadante, e da Secretaria de Comunicação Social, Edinho Silva, que foi tesoureiro do comitê à reeleição de Dilma – como receptores de recursos de caixa 2 para campanhas eleitorais, incluindo a de Dilma.

Na quinta-feira (2), os dois ministros rebateram ataques de lideranças do PMDB e tentaram conter movimentações na legenda pela saída de Temer da articulação política do governo. Em meados de junho, em reunião no Palácio do Jaburu, residência oficial da Vice-Presidência, Mercadante havia pedido a saída do vice do posto estratégico.

Doações para Gleisi

O juiz Sergio Moro autorizou pedido da Polícia Federal (PF) para que o empreiteiro Ricardo Pessoa, da UTC, seja ouvido no inquérito do qual a senadora Gleisi Hoffmann (PT) é investigada pela Lava Jato. Em depoimento à PF em abril, Gleisi confirmou ter recebido doações legais da UTC e diz ter pedido a Pessoa dinheiro para eleger-se senadora em 2010.

Sem participar

As movimentações do PMDB, segundo relatos, não têm sido orquestradas por Temer, que vive sob pressão de setores do partido para deixar a articulação política do governo nos próximos meses.

O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), defendeu essa alternativa. A principal queixa pública do partido tem sido a falta de respaldo do Planalto nos acordos negociados pelo vice-presidente com integrantes da base aliada, sobretudo as promessa de cargos e a liberação de emendas parlamentares.

Segundo reportagem deste sábado (4) do jornal Folha de S.Paulo, para acalmar o PMDB, a presidente Dilma deu carta-branca para Temer cobrar dos ministros a nomeação de indicados pelos partidos e a liberação de emendas parlamentares.

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