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Eduardo Cunha foi preso nesta quarta-feira (19) em Brasília. | Marcelo Camargo/ Agência Brasil/Fotos Públicas
Eduardo Cunha foi preso nesta quarta-feira (19) em Brasília.| Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasil/Fotos Públicas

Pouco mais de dois anos e meio após seu início, a Operação Lava Jato colocou atrás das grades nesta quarta-feira (19) aquele que, até agora, é o político mais graduado a ser preso pela operação: o ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ), um dos principais protagonistas da política brasileira nos últimos tempos.

O impacto da prisão foi imediato. Brasília tremeu diante da possibilidade de Cunha vir a fechar um acordo de delação premiada com a força-tarefa da Lava Jato.

Nos bastidores, especula-se que o peemedebista teria informações que podem comprometer pelo menos 160 deputados federais, um ministro e outras autoridades. E que, se isso ocorrer, o governo do presidente Michel Temer (PMDB) poderia ficar inviabilizado.

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Clima de apreensão

O clima dos corredores do Congresso era de apreensão. “Claro que é um fato que assusta e deixa todos preocupados”, disse o líder do PTB, Jovair Arantes (GO), antigo aliado de Cunha. “Quem teme [uma delação] é que tem que se preocupar.”

Cunha sempre negou a possibilidade de firmar um termo de colaboração premiada com a Lava Jato. “Só faz delação quem é criminoso. Eu não sou criminoso, não tenho delação”, disse recentemente.

Mas aliados do peemedebista avaliam que, após ser preso, ele pode abrir a boca. Um dos principais amigos de Cunha, o deputado Paulo Pereira da Silva (SD-SP), o Paulinho da Força Sindical, disse que o ex-deputado pode optar pela delação premiada agora que está preso.

“Uma coisa é o Eduardo Cunha fora da cadeia, outra é o Eduardo Cunha na cadeia. Pode ter a possibilidade [de delação]. Quantos foram presos [pela Lava Jato], diziam que não iam fazer delação e depois falaram”, disse Paulinho. O deputado do SD destacou, porém, que não conversou com Cunha sobre o assunto.

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Ameaças?

Parlamentares não se esquecem das palavras de Cunha, em setembro, na sessão da Câmara em que ele teve o mandato cassado: “Amanhã vai ser qualquer um de vocês”. A percepção foi de que se tratava de uma ameaça de retaliação. Cunha, segundo rumores dos bastidores, teria intermediado doações eleitorais suspeitas de empresas para mais de 100 deputados.

O peemedebista já negou publicamente tanto a ameaça como ter arrecadado dinheiro suspeito para campanhas de outros deputados. Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo publicada em 9 de setembro, ele comentou sobre o fato de que teria feito ameaças públicas a um grupo de pelo menos 160 deputados ao alegar que não iria “sobrar ninguém”. Argumentou que só fez uma constatação a partir de seu processo de cassação na Casa.

“Falam que fiz ameaça quando disse que mais de 160 parlamentares estão sob investigação, com inquérito, processo. Se eles forem julgados [num processo de cassação] pelo texto da acusação, não vai sobrar ninguém”, afirmou o ex-deputado.

Em outra entrevista à Folha, publicada em 15 de maio, Cunha afirmou que só ajudou o PMDB a arrecadar verba legal para campanhas. E negou ter intermediado verba para políticos de outras siglas. “Isso é balela [o rumor de que tenha ajudado a financiar a campanha de mais de 100 deputados]! A história real eu já cansei de falar. O que eu fiz, e sempre fiz, foi ajudar o meu partido na obtenção de recursos de campanha eleitoral. De outros partidos, negativo. Só do meu partido.”

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