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No dia seguinte à confirmação de que a Procuradoria Geral da República (PGR) dará seguimento às acusações de suposto envolvimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no escândalo do mensalão, o presidente do PT, Rui Falcão, acusou setores do Ministério Público de atuação partidária. Na reunião da bancada do PT na Câmara, Falcão referiu-se a "altos funcionários de Estado" que, em conluio com setores da mídia, fazem a "real oposição" ao governo.

"Há setores do Ministério Público que têm tido atuação partidária. Evidente agora com essa manipulação em torno do presidente Lula em uma ação deliberada do setor partidário", afirmou Falcão. Ele evitou personalizar a crítica ao procurador-geral, Roberto Gurgel, mas concordou quando o deputado Fernando Ferro (PT-PE) nomeou o procurador como oposição ao governo. Ferro defendeu uma fiscalização do Congresso sobre a atuação de Gurgel.

O procurador confirmou, nesta terça-feira (29), que irá encaminhar as acusações do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza contra o ex-presidente a setores do Ministério Público que atuam na Justiça de primeira instância. Em depoimento prestado em 24 de setembro do ano passado, Valério afirmou que parte do dinheiro do mensalão foi usada para pagar despesas pessoais de Lula. O depoimento à Procuradoria-Geral foi feito poucos dias antes do empresário ser condenado a mais de 40 anos de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no julgamento do processo do mensalão.

Genoino

Falcão abriu a primeira reunião do ano da bancada do PT na Câmara, com a presença maciça dos deputados. O deputado José Genoino (SP) foi aplaudido ao ter o nome citado entre os que assumiram o mandato em janeiro, com a saída dos parlamentares que assumiram prefeituras. Falcão também fez um agradecimento a Genoino e ao deputado Ricardo Berzoini (PT-SP), ex-presidentes do PT, pela ajuda e contribuição ao seu mandato à frente do partido. A reunião foi comandada pelo novo líder da bancada e irmão de Genoino, deputado José Guimarães (CE).

Genoino foi condenado pelo STF no julgamento do mensalão pelos crimes de corrupção ativa e formação de quadrilha a seis anos e 11 meses de prisão. O deputado João Paulo Cunha (PT-SP), condenado no mesmo processo a nove anos e quatro meses por corrupção passiva, peculato e lavagem de dinheiro, também estava presente na reunião.

Oposição extrapartidária

O dirigente do PT elegeu entre os principais objetivos do partido o combate à oposição "sem cara, mas com voz", a oposição extrapartidária. "São esses a quem nomeei aqui que tentam interditar a política no Brasil, ao mesmo tempo, desqualificando a política. Quando desqualificamos a política, a gente abre campo para aventuras golpistas. A gente abre campo para experiências que no passado levaram ao nazismo e ao fascismo, que devemos afastar definitivamente de nosso País", disse. Falcão afirmou que essa oposição não se conforma com o governo de um presidente operário e de uma presidente ex-guerrilheira nem com a "perda dos privilégios em favor da população".

Rui Falcão afirmou ser essa oposição mais forte do que a partidária. "É a oposição extrapartidária que se materializa em declaração de Judith Brito (Maria Judith Brito, vice-presidente da Associação Nacional de Jornais - ANJ). 'Como a oposição não cumpre o seu papel, nós temos de fazê-lo'", afirmou o petista.

Para democratizar o acesso à informação, Falcão disse ser necessária a desconcentração do mercado, a valorização de produção independente, o direito de resposta, entre outros pontos. "Para que a democratização dos meios de comunicação e a liberdade de expressão se ampliem, não pode ter monopólio", pregou. Ele convocou a bancada a lutar pela liberdade de expressão, que "se tornou um direito social, um direito coletivo".

Na reunião, Falcão defendeu a reforma política, com ênfase ao financiamento público exclusivo de campanha e o fortalecimento da democracia direta, com facilidades para projetos de iniciativa popular, a realização de plebiscitos e referendos.

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