Presos da Lava Jato dividem banheiro coletivo e têm uma hora de banho de sol

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Estamos demonstrando que temos condições de atender encarcerados de forma digna, diferentemente do que ainda acontece em muitas delegacias.

Lucia Beloni, presidente da comissão de estabelecimentos prisionais da OAB-PR.

A transferência da carceragem da Polícia Federal em Curitiba para o Complexo Médico Penal em Pinhais mudou nesta semana a rotina de ao menos onze presos da Operação Lava Jato– entre eles grandes empreiteiros e o ex-diretor da Petrobras Renato Duque.

No Complexo, conforme afirma a Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp), os novos “moradores” não têm direito a regalias. Foram recebidos, cada um, com um kit de sobrevivência que inclui meio sabonete, escova de dentes, papel higiênico, toalha, lençóis e cobertores.

Por segurança, eles estão em ala separada das demais, com capacidade para 96 pessoas, onde estão alocados os presos mais velhos e os que precisam de cuidados médicos. Em cada cela há três camas, uma pia e uma latrina. Os banhos são coletivos.

Por enquanto, os presos da Lava Jato compartilham celas apenas entre eles. A ordem de distribuição das vagas não foi divulgada, por questão de segurança. Porém, a Sesp não exclui a possibilidade de eles virem a compartilhar celas com outros encarcerados, dependendo da necessidade.

Como os demais

Atualmente, o Complexo Médico Penal abriga 695 detentos. Assim como os demais, os encarcerados da Lava Jato usam uniformes e têm direito a uma hora de banho de sol por dia.

A alimentação é controlada por nutricionistas e a marmita passa por vistoria do diretor da instituição. O cardápio é variado: dependendo do dia pode ser composto por bife de panela, virado de repolho, batata souté e salada ou empanado de frango, cuscuz, legumes e salada.

Aos domingos, os presos têm direito a pudim de amendoim ou de leite como sobremesa. Eles também podem receber comida de visitantes, mas seguindo algumas regras. São permitidas barras de chocolate, bolos (cortados), sanduíches, frutas e bolachas, entre outros itens.

Lazer

Para o lazer, os detentos podem manter livros dentro das celas ou usufruir do acervo da biblioteca do Complexo, que possui 3 mil exemplares. Os presos também têm direito a uma televisão 14 polegadas e um rádio por cela.

Há ainda uma sala de artes no Complexo, com acesso a atividades laborativas, como xadrez e pintura. A unidade possui ainda uma ampla gama de profissionais para atendimento, como médicos, psicólogos e fisioterapeutas. A expectativa, inclusive, é de que o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, que precisa de tratamento psicológico, também seja transferido para o Complexo.

Visitas

Os advogados têm acesso livre aos presos. Já as outras visitas ocorrem às sextas-feiras, por duas horas, no período da tarde, no pátio do Complexo.

Como necessitam de um cadastro, nesta sexta (27), nenhum dos presos da Lava Jato pôde receber parentes, que terão que passar pelos mesmos procedimentos de revista dos familiares dos demais detidos da unidade.

Os visitantes serão submetidos a detectores de metal, raio-x e revista nas roupas. No Complexo, só ocorrem vistorias íntimas com familiares de detentos com histórico de receber materiais ilícitos.