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Carlos Fernando dos Santos Lima (à esq.): indícios fortes de corrupção. | Jonathan Campos/Gazeta do Povo
Carlos Fernando dos Santos Lima (à esq.): indícios fortes de corrupção.| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

O procurador da República Carlos Fernando dos Santos Lima, que integra a força-tarefa da Operação Lava Jato, disse que existem ‘fartos indicativos’ de pagamento de propinas para o ex-diretor de Internacional da Petrobrás, Jorge Luiz Zelada, preso nesta quinta-feira (2), no Rio.

“Em relação à Diretoria de Internacional temos fartos indicativos que ele [Zelada] recebeu valores pela celebração de contratos de aluguel de sondas”, declarou Carlos Lima. “Tínhamos há muito tempo indicativos de que essa área era muito importante para as investigações de corrupção. São valores que atingem de US$ 500 mil a US$ 1 milhão por dia e qualquer pequena variação mínima nos contratos em favor da outra parte significa a longo prazo muito dinheiro.”

Delação de Barusco foi decisiva

O depoimento em delação premiada do ex-gerente da área de Serviços da Petrobras, Pedro Barusco Filho, afirmando que Jorge Luiz Zelada também recebia propinas das empreiteiras com obras na Petrobras, foi determinante para que o juiz Sergio Moro, da 13ª Vara Federal do Paraná, decretasse a prisão de Jorge Zelada.

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Zelada é o alvo da 15ª fase da Lava Jato, denominada Conexão Mônaco, referência ao paraíso fiscal onde o ex-diretor mantinha quase onze milhões de euros em contas secretas. Em relação aos supostos objetos de corrupção envolvendo Zelada, o procurador da República disse: “Temos algumas sondas específicas que a própria Petrobrás já indicou que o contrato possui uma série de irregularidades, singularidades que favoreciam extremamente a parte que estava contratando com a Petrobras.”

Bloqueio

Em seu despacho, o juiz federal Sergio Moro determinou o bloqueio de R$ 20 milhões das contas bancárias de Jorge Zelada no Brasil. E decidiu também pelo bloqueio de todas as contas da empresa Z3 Consultoria em Energia Ltda, onde Zelada tem 90% das cotas. Bloqueou também R$ 7 milhões das contas de Raul Schmidt Felipe Júnior, sócio de Zelada. Schimidt, no entanto, não foi preso nesta quinta-feira (2).

Duas contratações que o Ministério Público Federal menciona no pedido de prisão de Zelada são as dos navios-sondas Pride, em 2008, e Titanium Explorer, em 2009, via Diretoria Internacional. Pesa ainda contra o ex-diretor a suspeita de recebimento de propina referente a contratos de refinarias e gasodutos na Diretoria de Serviços.

“Temos um modelo de corrupção dentro da Petrobras que ela se institucionalizou no que eles chamam de ‘Casa’. Uma divisão de propina muitas vezes pela simples celebração de negócios, como se fosse uma corretagem”, relatou o procurador.

Dentro dessa frente, Zelada já era alvo das apurações desde que seu nome foi citado por dois delatores, entre eles o ex-gerente de Engenharia Pedro Barusco – braço direito do ex-diretor da área de Serviços, Renato Duque, cota do PT na estatal.

Para o MPF e a Polícia Federal, um dos indicativos de necessidade de prisão preventiva de Zelada foram as transferências feitas por ele de valores não declarados ao Fisco brasileiro da Suíça para o Principado de Mônaco, e de Mônaco para a China, ocorridas em 2014.

“É um dos motivos da prisão. Não só porque indica a continuidade do crime de lavagem de dinheiro como tentativa de proteção desse valores de tentar impedir que a Justiça alcance.”

Defesa acha ‘absolutamente desnecessária’ a prisão

O criminalista Eduardo de Moraes, que defende Jorge Luiz Zelada, classificou de ‘absolutamente desnecessária’ a prisão do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras. Moraes ressaltou que ainda não teve acesso ao decreto de prisão, despachado pelo juiz federal Sergio Moro, que conduz todas as ações penais decorrentes das investigações sobre propinas e cartel na estatal petrolífera.

Ele destacou que seu cliente foi preso em casa, no Rio, o que demonstra a disposição de Zelada em não fugir do País ou se esquivar da Lava Jato. “O nome do meu cliente já vinha há algum tempo sendo veiculado pela imprensa e Jorge Zelada, hoje, foi preso em casa, repito, em casa”, anotou o criminalista, em e-mail para a reportagem do jornal O Estado de S.Paulo.

O advogado reiterou que Zelada “sempre, durante esse tempo, esteve à disposição da Justiça”. “Isto, por si só, demonstra a cabal desnecessidade da prisão”, argumenta Eduardo de Moraes.

O criminalista aponta para o juiz da Lava Jato. “Esse Juízo está transformando a prisão, que é medida de exceção, em regra, ferindo princípios constitucionais.”

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