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Sérgio Machado: afilhado político de Renan Calheiros. | Luciana Whitaker/Valor/Folhapress
Sérgio Machado: afilhado político de Renan Calheiros.| Foto: Luciana Whitaker/Valor/Folhapress

Protagonista da primeira crise do governo Temer, o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado negocia acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República (PGR). As tratativas estavam em andamento quando a Folha de S.Paulo revelou nesta segunda-feira (23) áudios gravados, ao que tudo indica pelo próprio Machado, envolvendo o ministro Romero Jucá (Planejamento), em conversas que apontam movimento para prejudicar o andamento da Operação Lava Jato.

Pessoas próximas às negociações avaliam que será preciso discutir o andamento do acordo após o vazamento dos áudios para que a colaboração seja confirmada e enviada para homologação do STF (Supremo Tribunal Federal). Machado é investigado no Supremo por suspeita de ter envolvimento com o esquema de corrupção da Petrobras. Em dezembro, ele chegou a ser alvo de busca e apreensão da Polícia Federal e do Ministério Público Federal em um dos desdobramentos da Lava Jato.

Ex-presidente da Transpetro, ele é considerado afilhado político do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Os dois são investigados no STF por suspeita de que contratos da subsidiária da Petrobras pagaram vantagens indevidas. Em depoimento à Polícia Federal (PF), Machado já admitiu que teve encontros com Fernando Soares, o Frenando Baiano, apontado como operador do PMDB no esquema de corrupção da Petrobras.

Fernando Baiano e Paulo Roberto Costa, dois delatores da Lava Jato, afirmaram em seus acordos de colaboração premiada que o senador era beneficiário dos desvios da subsidiária. Costa, ex-diretor de Abastecimento, disse ainda que Machado lhe entregou ainda R$ 500 mil em espécie. Investigadores encontraram anotações de Costa com FB e Navios, que segundo a PF são referências a Fernando Baiano e Transpetro.

Questionado pela PF sobre reuniões com Fernando Baiano, Sérgio Machado reconheceu que conhece o lobista e que estiveram juntos na Transpetro “em algumas oportunidades, com o propósito de tratar de empresas que ele [Baiano] representava.”

O presidente do Senado tem negado que tenha relação com o esquema de corrupção na estatal e sempre disse que suas relações com dirigentes de empresas públicas “nunca ultrapassaram os limites institucionais”.

Medo de Moro

No áudio revelado pela Folha de S.Paulo, o ministro do Planejamento, senador licenciado Romero Jucá (PMDB-RR), sugeriu ao ex-presidente da Transpetro que uma “mudança” no governo federal resultaria em um pacto para “estancar a sangria” representada pela Operação Lava Jato, que investiga ambos.

Machado passou a procurar líderes do PMDB porque temia que as apurações contra ele fossem enviadas de Brasília, onde tramitam no STF, para a vara do juiz Sergio Moro, em Curitiba.

Em um dos trechos, Machado disse a Jucá: “O Janot está a fim de pegar vocês. E acha que eu sou o caminho. [...] Ele acha que eu sou o caixa de vocês”.

O advogado do ministro do Planejamento, Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, afirmou que seu cliente “jamais pensaria em fazer qualquer interferência” na Lava Jato.

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