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Novos x veteranos

Empreiteiras dividiram suas doações

As empresas de construção civil não fizeram distinção entre novatos e veteranos na hora de escolher para quem doar na campanha eleitoral deste ano. Elas partilharam entre candidatos à reeleição e nomes novos, de forma quase igualitária, os R$ 2,1 milhões doados aos deputados federais paranaenses eleitos em outubro. Sete parlamentares que renovam a bancada paranaense a partir de 2011 receberam R$ 1 milhão, enquanto 10 "veteranos" ficaram com R$ 1,1 milhão.

O preferido foi Nelson Meurer (PP), que recebeu R$ 500 mil da empreiteira Queiroz Galvão – o valor equivale a mais da metade dos R$ 966 mil arrecadados pelo parlamentar, que vai para o quinto mandato. Depois dele, Osmar Serraglio (PMDB) recebeu R$ 200 mil da Carvalho Hosken. A novata Cida Borghetti (PP) ficou com R$ 200 mil da C.R. Almeida. Ao todo, ela recebeu R$ 414 mil de 30 empresas diferentes ligadas à construção civil – quase um terço do total de R$ 1,44 milhão doados para a deputada.

Zeca Dirceu (PT), filho do ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, recebeu R$ 253 mil de cinco empresas diferentes. Só a CNEC Engenharia doou R$ 200 mil. Outro estreante na Câmara, Fernando Francischini (PSDB) recebeu R$ 129 mil da Cazamusa Construção Civil. (AG)

De cada R$ 5 arrecadados, R$ 1 foi de doação oculta

De cada R$ 5 doados para as campanhas dos 30 deputados federais eleitos no Paraná, R$ 1 não teve a origem identificada. As chamadas "doações ocultas" foram feitas por diretórios partidários e comitês de campanha. Elas chegaram a R$ 7,3 milhões, ou seja, 20% do total de R$ 36,2 milhões arrecadados pelos eleitos.

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  • Veja como foram divididas as doações declaradas pelos deputados eleitos pelo PR

Empresas ligadas ao agronegócio foram as principais financiadoras de campanha dos 30 deputados federais eleitos pelo Paraná neste ano. Entre os R$ 16,3 milhões doados por pessoas jurídicas a integrantes da futura bancada estadual em Brasília, R$ 6,4 milhões (39,5%) vieram do setor (R$ 1,45 milhão apenas de cooperativas agrícolas). Em seguida, os principais colaboradores foram instituições ligadas à construção civil, com R$ 2,1 milhões (12,8%), e à produção de energia e combustíveis, com R$ 918 mil (5,6%).

Os números são uma compilação das prestações finais de contas apresentadas pelos candidatos ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). As doações das empresas foram agrupadas em 13 categorias, por ramo de atuação. Elas representaram 45% do total de R$ 36,2 mi­­lhões arrecadados pelos deputados eleitos – o restante é originário de autodoações (21%), de recursos de comitês de campanha e diretórios partidários (20%) e de repasses de pessoas físicas (14%).

Os números reforçam a ligação dos congressistas paranaenses com o setor agrícola. Segundo le­­vantamento feito pela ONG Ins­­tituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc) sobre os deputados da atual legislatura, 16 dos 30 representantes do Paraná eleitos em 2006 eram ruralistas. Ou seja, têm interesses ou negócios no campo, seja como primeira ou segunda fonte de renda.

Desses 16, dez foram reeleitos – Abelardo Lupion (DEM), Alfredo Kaefer (PSDB), Cézar Silvestri (PPS), Dilceu Sperafico (PP), Eduardo Sciarra (DEM), Fernando Giacobo (PR), Hermes Parcianello (PMDB), Luiz Carlos Hauly (PSDB), Moacir Micheletto (PMDB) e Nelson Meurer (PP).

Além deles, também integram a Frente Parlamentar da Agrope­­cuária (a FPA, braço formal da bancada ruralista no Congresso Na­­cional), os eleitos Alex Canziani (PTB), André Zacharow (PMDB) e Hi­­de­­kazu Taka­­yama (PSC).

As empresas ligadas ao agronegócio fizeram 202 doações para 23 eleitos. Além dos que já integram a frente, foram contemplados com recursos o ex-ministro da Agri­­cul­­tura Reinhold Stephanes (PMDB), o campeão de votos Rati­­nho Jú­­nior (PSC) e os petistas André Var­­gas, Angelo Vanhoni e Assis do Cou­­­­to. Também houve colaborações do agronegócio para os novatos Cida Borghetti (PP), Fernando Francischini (PSDB), Nelson Pado­­vani (PSC), Rubens Bueno (PPS), Sandro Alex (PPS) e Zeca Dirceu (PT).

Recordista

Paranaense com a campanha mais cara para a Câmara, o tucano Al­­fredo Kaefer foi o recordista no re­­cebimento de doações no setor agrícola. No entanto, teve apoio das próprias empresas. Ele é diretor-presidente da Diplomata, quarta maior empresa do ramo de aves e suínos do Brasil (que doou R$ 1,7 milhão para sua campanha) e sócio de outra gigante da área, a Globoaves (que contribuiu com R$ 1 milhão).

O Grupo JBS Friboi, maior doador da campanha da presidente eleita Dilma Rousseff (PT), concentrou esforços em uma doação de R$ 360 mil para Alex Canziani. Já a Bunge Fertilizantes, distribuiu R$ 300 mil entre as candidaturas dos deputados do DEM Abelardo Lupion e Eduardo Sciarra (ambos receberam R$ 80 mil), de Luiz Car­­los Hauly (PSDB) e Moacir Michelet­­to (PMDB) – R$ 70 mil para cada.

Líder ruralista histórico e atual presidente da Comissão de Agri­­cultura da Câmara, Lupion também recebeu R$ 50 mil da empresa de fertilizantes Ultrafertil, R$ 50 mil da fabricante de sucos Cutrale e R$ 30 mil da produtora de cereais Anaconda.Sciarra recebeu ao todo R$ 215 mil de dez empresas alimentícias diferentes, incluindo R$ 30 mil da Globoaves, de Kaefer. Outros preferidos do setor são Moacir Michelet­­to, que recebeu R$ 254 mil, Dilceu Sperafico (R$ 289 mil) e Luiz Carlos Hauly (R$ 153 mil).

As preferências se repetem nas doações feitas pelas cooperativas agrícolas, um dos setores mais fortes da economia paranaense. Lupion recebeu R$ 135 mil divididos entre cinco cooperativas diferentes. As colaborações mais polpudas, entretanto, foram feitas por uma "estrangeira", a Cooperativa de Produtores de Cana-de-Açúcar e Álcool do Estado de São Paulo (Co­­persucar).

A cooperativa paulista doou R$ 650 mil para quatro paranaenses. Hauly e Stephanes ficaram com R$ 250 mil cada um; Mi­­cheletto com R$ 100 mil; e Sciarra com R$ 50 mil.

Interatividade

Em sua opinião, por que o agronegócio e a construção civil são os setores produtivos que mais investiram para eleger deputados no Paraná?

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