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O senador Randolfe Rodrigues (Psol-AP) afirmou nesta quinta-feira (19) que vai apresentar um requerimento para convocar para depor na CPI do Cachoeira o primo do senador Wilder Morais (DEM-GO), o advogado Denílson Martins Arruda. Denílson recebeu um depósito de R$ 30 mil na sua conta bancária da Alberto e Pantoja Construções - empresa de fachada que, de acordo com a Polícia Federal, era usada pelo contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, para lavar dinheiro.

O repasse foi realizado no dia 7 de julho de 2010, início da campanha eleitoral. Suplente de senador, Wilder assumiu a cadeira de Demóstenes Torres (sem partido-GO), cassado na semana passada pelo Senado. Na época do repasse, Demóstenes e Wilder disputavam o voto dos eleitores. A Alberto e Pantoja era abastecida com recursos da Delta Construções que serviriam para financiar o caixa dois de disputas eleitorais.

"O primo tem que ser convocado e temos que marcar o quanto antes o depoimento do senhor Wilder", afirmou Randolfe, lembrando que o suplente de Demóstenes já tem requerimento para depor na CPI desde o final de maio. "O Cachoeira é uma espécie de arquiteto da chapa do Senado", avaliou.

Wilder tomou posse na sexta-feira (13) da semana passada e ainda não explicou sua relação com Cachoeira. Grampos da Polícia Federal indicam que o contraventor teria trabalhado para colocá-lo na suplência de Demóstenes e na secretaria de Infraestrutura do governo goiano, cargo ocupado antes de assumir no Senado. "Há elementos para convocá-lo", disse Randolfe.

Influência

Ex-filiado ao PT e agora no PSD, Denílson é ex-chefe do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) em Goiás no governo Lula. Conforme escutas da PF, Cachoeira exercia influência no órgão e chegou a atuar em favor da Delta. Wilder é dono da Pedreira Caldas, registrada em Caldas Novas e que constava, até 2011, como arrendatária de uma área de extração de calcário em Goiás, controlada pelo departamento.

O advogado foi exonerado em março de 2009. Um processo administrativo aberto pelo DNPM no mesmo ano concluiu que o ex-servidor cobrou propina para liberar licença de um garimpo no Estado. Por isso, no ano passado, foi punido com a destituição do cargo e proibido de voltar à administração pública por cinco anos.

O advogado negou que o repasse da empresa de fachada tenha abastecido campanhas. Ele disse que não conhece Cachoeira e que o repasse foi uma doação para o Nerópolis Esporte Clube, time goiano do qual é dirigente. Toda a negociação, diz, foi feita pelo prefeito de Nerópolis, Gil Tavares (PTB). O nome do laboratório de Cachoeira, Vitapan, estampou a camisa do time.

Denílson informou ter recorrido da decisão que o proibiu de exercer cargos na administração pública e alegou que o processo de investigação foi baseado em declarações "frágeis e contraditórias".

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