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Renan Calheiros diz que vai acabar com os “jabutis”, mas não nesse momento. | Pauklo Whitaker/Reuters
Renan Calheiros diz que vai acabar com os “jabutis”, mas não nesse momento.| Foto: Pauklo Whitaker/Reuters

Diante de uma verdadeira rebelião dos senadores quanto aos chamados “jabutis” que são incluídos nos textos das Medidas Provisórias, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse que não vai mais aceitar jabutis e prometeu que matérias estranhas serão retiradas do texto e tramitarão na forma de projetos de lei. O motivo das críticas foi a inclusão na MP 668 de artigo que permite à Câmara de construir um shopping naquela Casa, batizado pelos senadores, em seus discursos, de “Parlashopping”. Na verdade, a MP 668 foi modificada, com a inclusão de vários assuntos. Ele fez o anúncio, mas disse que encaminhou um parecer dos consultores sobre isso.

Jader Barbalho (PMDB-PA) chamou de escárnio e deboche. Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) disse que era também escárnio feito pelo presidente da Câmara. Aécio Neves (PSDB-MG) disse que virou balcão de negócios do governo. E Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) disse que o Senado virou o carimbador mais caro. “Vamos estender para tudo que chegar aqui essa interpretação para que a gente possa separar e fazer tramitar o projeto de lei e fundamentalmente quero assumir este compromisso”, afirmou Renan.

O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) disse que a construção de shopping no Legislativo era uma “afronta”. “Mais veemente repúdio do jeito que ela veio e do jeito que votamos. São 14 assuntos diferentes. Alguns saltam aos olhos, como que o chamam de Parlashopping. Isso é quase uma afronta à consciência nacional”, disse Jereissati.

Renan fez o anúncio da mudança na tramitação, mas esclareceu que pediu um parecer dos consultores sobre isso. O líder do governo no Senado, Delcídio Amaral (PT-MS), disse que o governo fará um “pente-fino” nos textos aprovados e que vai vetar os jabutis. Ele disse que considera a construção do shopping um jabuti. “A jabutizada vai ser vetada. Não vai ter conversa”, ressaltou Delcídio.

Os senadores reclamaram que o Senado aprovou as MPs do ajuste fiscal — 665, 664 e 668 — sem alterações nos textos mandados pela Câmara, porque elas perderiam a validade no dia 1º de junho. A polêmica aumentou quando o senador Jader Barbalho (PMDB-AP), ex-presidente do Senado, fez um duro discurso. “O Senado está sendo achincalhado! É um deboche! São esses penduricalhos, esses jabutis. Estão aproveitando MPs para fazer negociata no Parlamento”, disse.

O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) pediu mudanças na tramitação para evitar jabutis, mas lembrou que as novas regras de aposentadoria — aprovadas ontem na MP 664 — foram incluídas na Câmara como um típico jabuti. O líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado (GO), disse que as MPs viraram verdadeiras “árvores de Natal”. “A MP 668 se tornou um verdadeiro balaio de gato. Tem de tudo... É um escândalo”, afirmou Caiado.

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