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Com gestões no comando do Senado marcadas por acusações como o escândalo dos atos secretos, o senador José Sarney (PMDB-AP) disse nesta que vai entregar a Casa "administrativamente muito bem organizada" ao seu sucessor.

O peemedebista afirmou que "poucas repartições públicas têm estrutura de gente tão competente como no Senado". Ele disse ainda estar "feliz" em transmitir o cargo por acumular uma "carga muito grande de trabalho".

"Estou vendo com muita felicidade chegar o dia de transferir a presidência do Senado. É uma carga muito grande de trabalho. Uma casa administrativa de administração complexa e acredito que vamos entregar o Senado administrativamente muito bem organizado. Também a parte da reforma administrativa 80% está finalizada", afirmou.

Sarney disse que, depois de deixar o cargo, vai se dedicar ao seu mandato na Casa e aos trabalhos legislativos. "Não tive tempo porque estava mais voltado para a área administrativa e também para a parte política das decisões da nossa pauta."

Ao ser questionado se vai sentir falta da cadeira de presidente do Senado, Sarney desconversou. "Eu tenho por norma quando deixo os cargos, não olho para trás."

Em 2009, Sarney foi um dos protagonistas do escândalo dos atos secretos - que mostrou que, em 14 anos, 511 medidas administrativas do Senado deixaram de ser publicadas. O caso motivou dez representações contra Sarney, todas arquivadas pelo Conselho de Ética da Casa, na época controlado por aliados. Nelas, era acusado de ser um dos "principais responsáveis" pela edição dos atos.

Parentes de Sarney, do senador Renan Calheiros (PMDB-AL) e de vários outros senadores foram contratados e exonerados da Casa por meio desse mecanismo. Renan, um dos principais aliados do peemedebista, é agora favorito a suceder Sarney.

Entre outros escândalos da gestão do peemedebista estão os pagamentos de horas extras para servidores no recesso e de auxílio-moradia para senadores que moravam em imóveis próprios e do Senado --dentre eles o próprio presidente, que acabou devolvendo a verba.

Sarney ocupou a Presidência do Senado em quatro biênios: 1995-1997, 2003-2005, 2009-2011 e 2011-2013. Ele também foi presidente da República entre 1985 e 1990.

Sarney deve ser sucedido no cargo por Renan, líder do PMDB na Casa. Ao lado do presidente de honra da sigla, Michel Temer, Sarney é um dos principais defensores da candidatura do aliado.

O líder do PMDB não declara oficialmente que é candidato, mas trabalha nos bastidores para ser eleito no dia 1º de fevereiro para mais um mandato de dois anos na presidência do Casa. Ele vai lançar oficialmente seu nome na disputa na semana que vem.

Até agora, o único adversário de Renan é o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) - mas a oposição e o grupo de "independentes" articula a candidatura de Pedro Taques (PDT-MT) ou outro peemedebista num contraponto a Renan.

Se confirmar o favoritismo, Renan voltará para o cargo que teve de deixar em dezembro de 2007, num acordo para preservar seu mandato. Naquele ano, o senador enfrentou suspeitas de que contas da jornalista Mônica Veloso, com quem tem uma filha, eram pagas por um lobista da empresa Mendes Júnior.

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