
O secretário estadual de Segurança, Fernando Francischini, usou sua conta no Facebook para atacar o colunista Celso Nascimento, da Gazeta do Povo, no último domingo. Nascimento havia publicado uma coluna na edição daquele dia criticando a política de segurança no estado com base numa conversa que teve com oficiais da Polícia Militar na quinta e na sexta-feira. No texto, ele alertava para o risco de uma "cultura da violência"na gestão do secretário. Em resposta, Francischini divulgou na rede social que a coluna de Celso Nascimento teria sido motivada por uma abordagem policial sofrida dois dias antes.
Nascimento conta que, na noite da quinta-feira passada, por volta das 21h30, se dirigia com sua mulher a um restaurante quando entrou, por engano, na contramão de uma rua. O colunista, então, foi abordado por um carro da PM. "Dois soldados saltaram da viatura apontando pistolas para mim e me mandando descer do carro", afirma. Eles teriam revistado Nascimento e mandado que ele calasse a boca, ameaçando prendê-lo por desacato.
O colunista diz que teve de ficar no local até por volta de meia-noite. Nesse período, telefonou para o coronel aposentado da PM Eliseo Furquim.
Naquele mesmo dia, à tarde, Nascimento havia conversado com o coronel, que passou a informação abordada na coluna. Furquim confirma a informação e afirma ter procurado o colunista para alertar sobre o risco de cultura de violência. Após a conversa, uma reunião foi agendada com membros da PM para a sexta-feira.
"Quando abordado por policiais, arrisquei-me a ligar para o coronel Furquim para contar-lhe o quão profética tinha sido a afirmação que me fizera naquela tarde. Nada lhe pedi."
Furquim falou com um policial para questionar o motivo de o colunista ser retido por tanto tempo, já que a multa havia sido registrada. "Esperamos ainda mais meia hora para que me apresentassem o auto de infração e nos liberassem. Pergunto: havia necessidade de tanto abuso e desrespeito?", questiona o colunista.
No domingo, às 15h24, Francischini publicou no Facebook: "O suposto colunista Celso Nascimento dirigindo seu veículo em uma contramão de direção com as luzes apagadas (...) não obedeceu à ordem de parada de uma viatura do BPTran, tentou dar uma carteirada ligando para uma autoridade para não ser autuado e, ao final, ainda ameaçou os soldados".
O secretário compartilhou uma cópia do boletim de ocorrência, registrado no dia 16, às 10h26, onde não consta que Nascimento tentou fugir ou que o carro estivesse com os faróis apagados. Um segundo documento foi registrado pela polícia às 00h15 de domingo (após a publicação da coluna, que começa a circular no sábado à tarde). Nesse documento consta declaração de um policial que afirma que o jornalista tentou dar uma "carteirada". Furquim nega que Nascimento tenha telefonado para evitar ser multado ou pedir punição aos policiais. O coronel diz que conversou com o policial e pediu para que ele multasse Nascimento e o dispensasse.



