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Especialista em segurança pública ouvido pela Gazeta do Povo afirma que o secretário Fernando Francischini foi “no mínimo omisso” por não ter agido para conter excessos no uso de força policial contra os manifestantes no último dia 29, no Centro Cívico. No início da semana, Francischini se isentou de qualquer responsabilidade sobre as decisões da polícia naquele dia. Depois, disse que foi “mal interpretado”, sem especificar em qual ponto.

“A secretaria é a chefia política da segurança, então ele [Francischini] teria que fazer o meio de campo entre o governo e a polícia, planejar a política de segurança e fazer com que se cumpra isso”, afirma Guaracy Mingardi, analista criminal e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. “[Francischini] não pode dizer ‘a culpa não é minha’. Se ele é chefe, tem que saber o que está acontecendo e tentar evitar”, diz Mingardi. “Pode ser que ele tente [evitar] e não consiga, mas daí teria que botar a boca no trombone antes do desastre acontecer.”

A atitude do secretário de culpar a PM pela ação policial desproporcional do dia 29 deixou um mal-estar generalizado na corporação. O coronel César Kogut, comandante-geral da PM, chegou a deixar o cargo à disposição. Em três notas, a PM repudiou veementemente a postura de Franscichini, sinalizando o clima tenso entre o comando e a secretaria.

A rixa entre PM e a secretaria poderia ser contornável, na visão de Mingardi. “Mas, nesse caso em específico do Paraná, como ficou muito mal para a polícia, teve muita repercussão, ficar jogando a culpa para o outro pode complicar mais ainda.”

Para Algacir Mikalovski, coordenador do Núcleo de Pesquisa em Segurança Pública e Privada da Universidade Tuiuti do Paraná, o secretário precisaria ter “apoio irrestrito” das forças policiais para conseguir trabalhar. “Não podemos ter um descompasso entre a secretaria e as polícias. É importante até para a contenção da criminalidade”, afirma. (AA)

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