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Deputados Zé Geraldo e Wellington Roberto trocaram tapas durante a sessão do Conselho de Ética. | LLula Marques/ Agência PT
Deputados Zé Geraldo e Wellington Roberto trocaram tapas durante a sessão do Conselho de Ética.| Foto: LLula Marques/ Agência PT

Em uma das semanas mais quentes da história política brasileira recente, parlamentares agiram como gladiadores e transformaram o plenário da Câmara e outras dependências da Casa em verdadeiras arenas dignas dos confrontos de vale-tudo. Cenas de pugilato no Congresso não são inéditas, mas elas se alastraram pela capital federal, chegando a uma festa de confraternização natalina dos senadores. Dificilmente serão esquecidas por aqueles que observam o cotidiano de Brasília.

O clima começou a esquentar na segunda-feira, um dia tradicionalmente morno na cidade. Quando o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), decidiu adiar a instalação da Comissão do Impeachment e autorizar a criação de uma chapa antigovernista, líderes partidários alinhados ao Palácio do Planalto abandonaram a sala de reuniões aos gritos. Era apenas um prenúncio do tumulto que o assunto iria provocar no dia seguinte.

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A terça-feira foi marcada por confusões. A mais emblemática delas aconteceu no plenário da Câmara. Pouco depois de mais um bate-boca no Conselho de Ética entre deputados favoráveis e contrários à cassação de Eduardo Cunha, os parlamentares marcharam para definir qual seria a composição da Comissão do Impeachment. Indignados com a determinação do presidente da Casa de fazer uma votação secreta para escolha entre as duas chapas, deputados do PT tentaram impedir a votação.

Ignorados em seus pedidos de questões de ordem, que foram sumariamente rejeitados por Cunha, decidiram partir para uma obstrução literal. Colocaram-se em frente às cabines de votação e começou o empurra-empurra, sob muita tensão. Afonso Florence (PT-BA) jogou computadores usados para votação no chão. Técnicos da área de informática foram chamados para reativar os equipamentos danificados.

Os deputados Jorge Solla (PT-BA) e José Carlos Aleluia (DEM-BA) foram às vias de fato. Solla alegou que foi empurrado por Aleluia, e que a agressão resultou na quebra de uma das urnas. O deputado Laerte Bessa (PR-DF) deu uma cabeçada em um colega. Vários núcleos de tumulto se formaram no plenário. Um dos mais fiéis escudeiros de Cunha, o deputado Paulinho da Força (SD-SP) se atracava com governistas.

O saldo da batalha: três das 14 urnas destruídas e uma decisão liminar do Supremo Tribunal Federal (STF) que mandou parar tudo até a definição de um rito para o processo.

Durante toda a semana, faltou compostura e elegância. O líder do governo, José Guimarães (PT-CE), que não é uma referência na hora de se expressar, conseguiu resumir de forma acurada o sentimento geral: “Nessa Casa, infelizmente, pode tudo. Não tem mais glamour, está se transformando nessa baixaria. Quantas saudades de Ulysses Guimarães”, disse o petista.

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A quarta-feira foi um dia de mais emoções na Câmara. Eduardo Cunha conseguiu destituir o relator de seu processo de cassação no Conselho de Ética, Fausto Pinato (PRB-SP), e a tramitação voltou à estaca zero. A sessão ocorreu sob muita troca de ofensas.

Até mesmo o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), ficou perplexo com as manobras de Cunha. Na noite de quarta-feira (9), Renan foi flagrado pelo jornal O Globo em uma conversa na qual dizia o que muitos pensam, mas poucos no mundo político se atrevem a dizer: “A influência dele [Cunha] na comissão vem desde lá de trás. Mas, se ele continuar destituindo relator, trocando líder, manobrando com minorias, vão acabar decretando a prisão dele”, disse.

A fala de Renan foi apenas o aperitivo do que estava por vir na festa de confraternização natalina com a presença do vice-presidente Michel Temer, senadores da base e da oposição na casa do líder do PMDB, Eunício Oliveira (CE).

Em um momento que deixou constrangidos os convidados, a ministra da Agricultura, Kátia Abreu, e o senador José Serra (PSDB-SP) protagonizaram um verdadeiro “barraco” que terminou com a peemedebista jogando sua taça de vinho no tucano depois de um bate-boca provocado por uma brincadeira mal recebida. Serra, conhecido pelas colocações pouco felizes, chamou Kátia de “namoradeira”.

A taça de vinho endereçada a Serra foi lançada horas antes da sessão do Conselho de Ética em que dois deputados saíram no tapa. Na manhã de quinta-feira (10), quando seria apresentado projeto defendendo o afastamento do presidente da Câmara do cargo até o julgamento do seu caso, a sessão chegou a ser suspensa após uma briga entre Zé Geraldo (PT-PA) e Wellington Roberto (PR-PB) . Os dois trocaram ofensas e tapas e tiveram que ser contidos por colegas. Zé Geraldo assumiu algum “constrangimento”, mas disse que não tinha se arrependido. As próximas semanas prometem.

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