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Suplicy mostra o livro ao juiz Sergio Moro | Reprodução/Vídeo
Suplicy mostra o livro ao juiz Sergio Moro| Foto: Reprodução/Vídeo

O ex-senador e vereador Eduardo Suplicy presenteou o juiz Sergio Moro com os livros Renda Básica de Cidadania e Um Notável Aprendizado, ao depor nesta sexta-feira (17), por videoconferência, como testemunha de defesa do ex-ministro Antonio Palocci. Suplicy é conhecido por sua longa luta pelo programa de renda mínima, que inspirou o Bolsa Família, e costuma entregar o livro a todos os seus interlocutores.

Durante o depoimento, Suplicy chegou a chamar Moro - ou se referir a ele - por três vezes, como Aldo Moro, jurista e ex-primeiro ministro da Itália assassinado em 1978. Líder da democracia cristã, ele foi morto após 55 dias de sequestro pelo grupo guerrilheiro Brigadas Vermelhas.

Suplicy começou a falar sobre o programa de renda mínima na primeira pergunta, ao dizer desde quando conhecia Palocci. Contou que conheceu o ex-ministro da Fazenda em 1984, durante a greve dos canavieiros de Guariba (SP), e que apresentou a Palocci o programa renda mínima em 1995, quando o Distrito Federal e o município de Campinas adotaram o modelo e o ex-ministro era prefeito de Ribeirão Preto (SP).

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“O programa renda mínima, associado à educação, é como o precursor do Bolsa Família, que se estendeu por todo o Brasil. Se me permite juiz, doutor Aldo Moro, como senador eu tive um momento muito especial... se me permite vou deixar aqui o meu livro ‘Renda de Cidadania: a saída é pela porta’ e o outro, ‘Um notável aprendizado’, desde os tempos do boxe, que pratiquei na adolescência até o senado, a busca da verdade e da Justiça, então o senhor pode rer certeza que estou aqui buscando a verdade, colaborando com o senhor (....)”.

Suplicy defendeu a Moro o programa de renda mínima e, no discurso, voltou a chamá-lo de Aldo Moro, ao contar como foi negociado, com base no diálogo com o senador Francelino Pereira, do PFL, a adoção por etapas do programa, depois sancionado pelo ex-presidente Lula.

“Eu gostaria muito de lhe dar esses livros, vou deixar aqui...” Moro interrompeu as perguntas da defesa de Palocci para agradecer. “Agradeço a gentileza senhor Suplicy, dos livros, todos conhecem a história notória e seu envolvimento neste projeto de renda mínima. Agradeço a gentileza, obrigado. Até já tenho um destes livros, mas aceito de bom grado mais um exemplar.”

Veja o trecho do depoimento

O depoimento em si

Perguntado pela defesa de Palocci, Suplicy afirmou que nunca soube de nenhuma conduta irregular do então ministro e que nunca foi instado a votar em alguma medida para beneficiar alguma empresa que pudesse colaborar com o PT.

Suplicy afirmou que estava com Palocci quando Lula propôs que Marta Suplicy fosse candidata ao governo de São Paulo e que foram juntos à casa dele, já que na época era casado com ela, para fazer a proposta.

“Lembro que ela quase empatou com Mário Covas...”, observou.

Perguntado sobre o relacionamento de Palocci com a Odebrecht e a Braskem, Suplicy afirmou: “Do meu conhecimento nunca houve nada que pudesse ser considerado ilegal. Não participei dos diálogos que porventura podem ter existido entre eles. Posso dizer dos diálogos que eu mantive. Fui candidato ao senado, visitei a direção dessas empresas, disse da minha postura de sempre agir com a maior transparência (..) afirmou, lembrando que foi autor de propostas para obrigar partidos e candidatos a registrarem, em tempo real, toda e qualquer contribuição recebida de empresas e pessoas físicas”.

A defesa de Palocci também perguntou a Suplicy sobre Branislav Kontic, assessor do ex-ministro, também acusado na Lava Jato de participar do esquema de arrecadação de propina e lavagem de dinheiro.

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Suplicy afirmou que Branislav, a quem chamou de “Brani”, foi seu cunhado, casado com sua ex-cunhada, Eliane Cristina, já falecida, irmã da senadora Marta Suplicy.

E explicou que Marta Teresa Smith de Vasconcellos “veio a ser” Marta Teresa Smith de Vasconcellos Suplicy, por ter sido casada com ele. “Quando nos separamos ela pediu se poderia continuar a ter o meu sobrenome, com o qual ela se tornou tão conhecida em todo o Brasil. Mãe querida dos meus filhos e é claro que permiti, porque ela sempre honrou este meu sobrenome. As vezes tive divergência, porque ela saiu do PT (...)”, explicou.

Depois de dizer que “Brani” sempre teve atitude correta com a mulher, Marta e com ele próprio, Suplicy disse que no próximo 24 irá a Curitiba fazer uma palestra sobre o programa de renda básica e pensou em fazer uma visita:

“Posso até perguntar se tudo bem ao juiz Aldo Moro porque conheço muito bem o José Dirceu, quem sabe faço ali uma visita se der tempo, antes da minha palestra, se o senhor quiser que eu entregue em mãos aproveito e faço uma visita a seu gabinete e entrego pessoalmente os meus livros”, afirmou.

Moro afirmou que não existe nenhum empecilho para as visitas a Dirceu e Palocci, mas orientou Suplicy a verificar as regras dos presídios para saber se é preciso agendar com antecedência.

“Da minha parte tudo bem. Infelizmente neste dia não vou estar na cidade, mas meu gabinete fica aberto ao senhor a qualquer momento”, disse o vereador petista.

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