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De acordo com organizadores, 50 mil pessoas protestaram em Curitiba. Polícia Militar estimou 8 mil. | Marcelo Andrade/Gazeta do Povo
De acordo com organizadores, 50 mil pessoas protestaram em Curitiba. Polícia Militar estimou 8 mil.| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

O protesto deste domingo (4) em Curitiba, em apoio incondicional à Operação Lava Jato e contrário às mudanças no pacote anticorrupção, foi extremamente positivo, avaliam lideranças do movimento Vem Pra Rua.

De acordo com a organização do evento, cerca de 50 mil pessoas estiveram na sede da Justiça Federal, no bairro Ahú. A Polícia Militar (PM) contabilizou 8 mil manifestantes.

Na capital paranaense, os manifestantes fizeram um “tomataço” em um cartaz. Os principais alvos foram o presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL), o presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM-RJ) e o senador Roberto Requião (PMDB-PR), relator da Lei de Abuso de Autoridade. Deputados federais parananenses também estiveram na mira.

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Para Adriana Dornelles, coordenadora dos estados do Sul do Vem Pra Rua, o protesto mostrou que a vigilância é um exercício permanente da democracia. “Nós estamos acreditando na reversão das Dez Medidas Contra a Corrupção no Senado. Mais de 300 cidades aderiram ao protesto, milhares de pessoas foram às ruas. O povo ficou inconformado depois da votação na Câmara, se sentiu traído”, conta.

Além da desfiguração do pacote anticorrupção, Renan Calheiros foi um dos principais alvos. “Estamos pedindo que as medidas contra Renan sejam céleres. Não há mais como ele se manter à frente do Senado. O STF [Supremo Tribunal Federal] precisa dar andamento aos inquéritos”, afirma.

Na semana passada, o presidente do Senado virou réu em um processo da Corte, que não é ligado à Lava Jato.

Apoio à Lava Jato

As principais lideranças do movimento dizem que a mobilização tem como foco apoio irrestrito à Lava Jato e às Dez Medidas Contra a Corrupção nos moldes em que foram propostas pelo Ministério Público Federal (MPF).

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“Sentimos que houve uma traição. Nos mobilizamos, foram mais de 2,5 milhões de assinaturas. A Câmara se aproveitou, de forma traiçoeira, num momento em que o Brasil estava comovido, solidário à dor da Chapecoense. Em termos de Congresso, a Câmara é muito mais vulnerável a pressões políticas interna corporis do que o Senado. O Senado tem mais parcimônia, até pela característica dos oito anos de mandato”, afirma Dornelles.

A líder do Sul também explica que o Vem Pra Rua não tem planejado novas manifestações de rua para os próximos dias, mas que, eventualmente, elas podem ocorrer. “Nossa bandeira é única, somos guerreiros contra a corrupção. Nossa situação é de vigilância permanente. Havendo a necessidade, o povo vai ser chamado novamente. Mas não há programação fixa para os próximos dias. Estamos acompanhando de perto, essa segunda fase do nosso movimento está muito mais organizada. Estruturamos o Vem Pra Rua em termos de organograma nacional, temos grupos trabalhando por temática, por isso continuamos vigilantes”, relata.

Gislaine Masoller, coordenadora local do Vem Pra Rua, também avaliou positivamente a manifestação. “As ruas querem mandar um recado ao Senado Federal, entre tantas outras coisas. A proteção irrestrita à Operação Lava Jato. Não mexam com a Lava Jato! Ou a população se mobiliza violentamente. Temos que passar o Brasil à limpo”, disse à Gazeta do Povo neste domingo (4).

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Alvos

Adriana Dornelles também explica os principais alvos do domingo (4). Segundo ela, o presidente do Senado, Renan Calheiros não tem mais condições de estar nesse cargo. “Ele é um dos principais alvos da Lava Jato, responde a 13 inquéritos no STF. A Lei de Abuso de Autoridade não era ventilada desde 2009. Ele sabe que a pressão é grande sobre a classe política, que a Lei pode ser utilizada pelos réus da Operação. Isso num momento em que magistrados e promotores já respondem a estatutos orgânicos se faltarem com a ética”, explica.

Calheiros é autor da Lei de Abuso de Autoridade, em tramitação no Senado, e tentou articular uma votação às pressas do pacote que saiu da Câmara sobre as Dez Medidas Contra a Corrupção, o que foi negado pelo plenário da Casa.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), esteve no centro das manifestações por ter presidido a sessão da madrugada de quarta-feira (30) em que as medidas foram reformuladas e os deputados aprovaram a emenda que prevê punição criminal para magistrados e procuradores que incorrerem em crime de responsabilidade.

E, além deles, o senador Roberto Requião (PMDB-PR) também recebeu ketchup. “O Requião não escuta a voz das ruas. Ele recebe o recado, ignora, tem postura contrárias até mesmo ao PMDB, que é o seu partido. Por isso que o Requião, embora senador, está sendo alvo. Ele precisa perceber que não é o senador Requião da família Requião. Ele é o senador do povo do Paraná. Representar os interesses do povo”, conclui. No Twitter, o senador afirmou que os protestos são organizados por “movimentos de mentecaptos manipuláveis”.

O presidente da República, Michel Temer (PMDB), não foi alvo. No fim da tarde, o Palácio do Planalto emitiu um comunicado. “Milhares de cidadãos expressaram suas ideias de forma pacífica e ordeira. Esse comportamento exemplar demonstra o respeito cívico que fortalece ainda mais nossas instituições. É preciso que os Poderes da República estejam sempre atentos às reivindicações da população brasileira”, destacou.

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