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Alberto Youssef, doleiro. | Jonathan Campos/Gazeta do Povo
Alberto Youssef, doleiro.| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

Em um depoimento prestado ao Ministério Público do Paraná (MP-PR), o doleiro Alberto Youssef, delator da Operação Lava Jato, deu detalhes de três operações de lavagem de dinheiro que teria realizado envolvendo o caso Copel/Olvepar no Paraná, que totalizaram cerca de R$ 19 milhões. Segundo Youssef, ele teria realizado operações de câmbio para trocar reais por dólares a pedido de Maurício Silva, dono da Embracom, uma empresa de consultoria.

Segundo reportagem exibida nessa sexta-feira (28) no Paraná TV 2ª Edição, da RPC, no depoimento Youssef afirma que Silva pediu para que ele fizesse a operação para Heinz, que atuava como conselheiro do Tribunal de Contas (TC) do Paraná. Segundo a RPC, Heinz seria Heinz Herwig, que, além de conselheiro do TC, foi secretário do governo Jaime Lerner.

Na primeira operação realizada, Youssef contou aos promotores que foi pessoalmente até a sede da Copel em Curitiba buscar dinheiro em espécie. O doleiro contou ainda que, na última operação realizada, se sentiu pressionado por Maurício Silva e disse que chegou a receber ligações dos ex-secretários do governo Lerner Cid Campelo e Guaraci Andrade.

Youssef relatou que precisou explicar a Campelo a demora em realizar a operação. O doleiro também contou que entregou US$ 400 mil a Guaraci Andrade.

O doleiro afirmou, ainda, que entregou valores pessoalmente ao ex-presidente da Copel Ingo Hübert, na casa dele. Youssef não deu detalhes do valor recebido por Hübert.

Segundo o depoimento exibido pela RPC, Youssef teria dito que “tudo dava a entender” que as operações eram para campanha eleitoral, mas não detalhou qual seria a campanha. Na época, o governador Jaime Lerner estava no final do segundo mandato e não concorreu a nenhum cargo.

Entenda o caso

Em 2002, a empresa de transportes Rodosafra tinha um crédito de R$ 15 milhões para receber da Olvepar (Óleos e Vegetais Paraná S/A). Como a Olvepar passava por dificuldades, ofereceu como pagamento um crédito de ICMS que tinha com o governo do estado. Os créditos, porém, foram considerados irregulares pelo Tribunal de Justiça (TJ) em 2000.

Em novembro de 2002, final do governo Jaime Lerner, o governo paranaense autorizou o reconhecimento de créditos de ICMS no valor de R$ 67 milhões. A Copel comprou, “com desconto”, um total de R$ 45 milhões em créditos de ICMS da Olvepar, pelo valor de R$ 39,6 milhões.

Segundo as investigações, o valor total do prejuízo foi de R$ 84,6 milhões: R$ 39,6 milhões desembolsados pela Copel e R$ 45 milhões referentes ao ICMS que a Olvepar deixou de pagar ao estado.

Outro lado

Ao Paraná TV 2ª Edição, o advogado Cid Campelo Filho, que também responde pelo ex-governador Jaime Lerner afirmou que a denúncia contra Lerner já foi enviada ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) e não foi aceita na época. Ele afirmou ainda que Youssef mentiu no depoimento e que a delação teria sido “requentada” com fatos já investigados.

Guaraci Andrade disse ao Paraná TV 2ª Edição que só conhece Youssef pela imprensa e que nunca falou com o doleiro.

O advogado Roberto Brezinski, que defende Heinz Herwig e Ingo Hubert, não quis comentar o caso. Maurício Silva não foi localizado pela reportagem do Paraná TV 2ª Edição.

A assessoria de imprensa da Copel informou que a atual diretoria não comentará o caso ocorrido em 2002.

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