Brasil terá primeiro santuário de elefantes na Chapada dos Guimarães

Depois de décadas de maus-tratos em circos, duas elefantas africanas terão um novo lar, que oferecerá os cuidados necessários para que possam se recuperar física e emocionalmente do período de cativeiro. Maia, de aproximadamente 44 anos, e Guida, de cerca de 42 anos, irão inaugurar os serviços do Santuário de Elefantes Brasil, uma fazenda na Chapada dos Guimarães (MT) que será a primeira reserva do país a abrigar a espécie.

Ainda sem previsão de inauguração, a organização funcionará em uma fazenda de 1,1 mil hectares, adquirida por meio de doações de organizações internacionais, e terá uma estrutura especialmente preparada para cuidar de elefantes em situações de risco. Entre eles encontram-se Maia e Guida, que foram confiscadas de um circo na Bahia e atualmente vivem em Paraguaçu, Minas Gerais.

O Santuário apoia o fim da utilização da espécie para entretenimento, e explica, em seu site, que “zoológicos não são uma opção viável, pois as limitações de espaço e capacidade impactam totalmente a qualidade de vida dos elefantes”. O projeto é de autoria das entidades Global Sanctuary for Elephants (GSF) e ElephantVoices, organizações internacionais dirigidas por especialistas na espécie.

A iniciativa aguarda o licenciamento ambiental da Secretaria de Estado de Meio Ambiente de Mato Grosso para começar a funcionar. De acordo com o órgão, o projeto já obteve as autorizações e as licenças prévias e de instalação. Nas próximas semanas devem ser liberadas a autorização de uso e manejo e a licença de operação.

A primeira etapa do santuário terá um centro de cuidados veterinários e piquetes para abrigar os elefantes, que serão separados por espécie (asiáticos e africanos) e sexo (machos e fêmeas). Essa estrutura inicial poderá receber e oferecer assistência para até seis animais.

O Santuário não será aberto para visitação pública, mas  se propõe a ser mais do que um espaço de reabilitação dos elefantes. Segundo Junia Machado,  presidente do Santuário e uma das idealizadoras do projeto, a instituição terá, futuramente, um centro de visitantes na cidade, com dados sobre aspectos biológicos, físicos e comportamentais dos elefantes. Além de fornecer informações para pesquisas e estudos, palestras e acesso à imagens das câmeras, que transmitirão ao vivo, das áreas internas do santuário. Essas imagens estarão também disponíveis na internet.

Futuramente, o espaço pretende ampliar a estrutura para receber até 50 elefantes provenientes de toda a América do Sul. Porém, nesta primeira fase, o custo mensal é estimado em até R$ 20 mil. Todo os gastos do santuário são mantidos por doações e organizações não governamentais internacionais.

Para custear o transporte dos animais de Minas Gerais até o Santuário, a entidade lançou, no dia 10 de agosto, uma campanha de financiamento coletivo por meio de um site de crowdfunding. Na plataforma, é possível realizar doações a partir de R$28,00 até o dia cinco de outubro.

A campanha conta com a divulgação da atriz Thaila Ayala, que gravou um vídeo divulgando as doações. Até o fechamento desta reportagem, a “vaquinha” havia arrecadado mais de R$ 46 mil, e possuía o objetivo final de R$ 90 mil.

Veja o vídeo sobre a viagem das elefantas até o Mato Grosso