Animal

Cachorros de focinho curto exigem cuidados extras no verão

Luisa Nucada, especial para a Gazeta do Povo
25/01/2015 05:00
Eles são meigos, cheios de dobrinhas e fazem o maior sucesso nas redes sociais. Os cães braquicefálicos – com a cabeça achatada –, como pugs, buldogues, pequineses, shih tzu e lhasas derretem o coração dos donos com seus olhinhos saltados e focinhos amassados. As características anatômicas, porém, os predispõem a uma série de doenças.
A empresária Suellen Anita Girardi, de 26 anos, sabia disso quando decidiu que o pug Rocky faria parte da família. “Meu marido tinha resistência, dizia que dava muito problema”, conta. Felizmente, o pet nunca teve nada grave. O principal cuidado de sua dona é com a alimentação. “Tenho medo que ele engorde, porque isso dificultaria ainda mais a respiração. Levamos para passear bastante e a ração é dosada”.
A preocupação de Suellen tem fundamento, pois o focinho curto desses cães dificulta as trocas de ar. “Se o animal ganha peso, a gordura acumula também dentro do organismo, prejudicando a expansão das estruturas respiratórias”, explica a médica veterinária Ana Paula Sarraff Lopes, professora da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR).
De acordo com ela, a alteração anatômica da cabeça pode fazer com que o cão nasça com até três “defeitos” respiratórios: narinas estreitas, traqueia com diâmetro reduzido e palato mole prolongado. Este último ocorre quando a estrutura que separa a cavidade nasal da cavidade oral é comprida demais. A sobra de tecido provoca o ruído característico que esses cachorros produzem ao respirar. As três disfunções associadas caracterizam a síndrome braquicefálica.
As narinas e o palato mole podem ser operados, aliviando os problemas. Nem todo cão braquicefálico tem a síndrome, mas os donos devem tomar cuidado com o maior risco gerado pela respiração difícil: a hipertermia.
Superaquecimento
“Como os cães não suam, as trocas de calor são realizadas apenas através do focinho e da boca”, explica a médica veterinária Thaís Andrade Costa Casagrande, coordenadora da comissão de ética para uso de animais em pesquisa da Universidade Positivo. A respiração problemática dificulta que os animais resfriem o corpo. “Essas raças têm intolerância ao calor. Deixar o cão exposto ao sol quente pode levá-lo à morte”, alerta a especialista. “Leve para passear em horários mais frescos, ofereça água à vontade e deixe-os à sombra em locais externos, como quintais”.