Animal

Cães e gatos com bafo podem estar doentes; veja como identificar

Vivian Faria, especial para a Gazeta do Povo
11/12/2017 19:00
Thumbnail

Foto: Erik-Jan Leusink / Unsplash.

Cães e gatos não escovam os dentes pelo menos três vezes ao dia: por este motivo, tendem a ter um “bafinho”. Contudo, o odor que sai da boca do seu animal de estimação não deve ser muito forte — se for, sinal de que há algo errado: geralmente, o bafo está relacionado à proliferação excessiva de bactérias na boca do animal.
Isso significa que evitar a halitose pode também prevenir doenças orais nos bichinhos e danos maiores à saúde. Para combatê-lo, médicos veterinários dizem que o ideal é escovar os dentes uma vez ao dia, com pasta de uso veterinário (a para humanos é tóxica para os animais).
Outra atitude que contribui para a prevenção do mau hálito é oferecer ao cão ou gato rações mais duras. Quanto mais firme o alimento, maior a abrasão sobre a superfície dos dentes e menor é o acúmulo de placa bacteriana. Rações que não possuem um formato muito redondinho também contribuem para a limpeza. E há ainda aquelas com aditivos para controle de placa bacteriana.
Tiras mastigáveis e brinquedos que os animais possam carregar com a boca e morder sem correr o risco de engolir também têm efeito abrasivo que evita o acúmulo de bactérias sobre os dentes dos bichos. Só não se recomendam ossos naturais, pois eles podem quebrar os dentes dos animais.

Limpeza dental

Além disso, assim como seus tutores, os animais devem se submeter a limpezas periódicas nos dentes feitas por médicos veterinários. Para especialistas, entre uma e duas limpezas anuais são o suficiente para evitar ou combater o mau hálito. Além disso, a avaliação periódica pelo veterinário contribui para que doenças da cavidade oral sejam precocemente identificadas.
A limpeza é feita com o animal anestesiado, para que o processo seja mais confortável e seguro, já que o procedimento é feito com equipamentos que podem machucar o animal se ele se mexer.

“Normalmente, fazemos a limpeza com o ultrassom, que também é usado em humanos e quebra todas as placas bacterianas cristalizadas. Depois fazemos um polimento dentário com um ‘motorzinho’ de baixa rotação. Finalizamos com uma lavagem de toda a boca, usando aquela seringa de dentista que expele ar e água ao mesmo tempo” – Maria Izabel Ribas Valduga, médica veterinária proprietária da Odontocão.

Agravamento leva a perda dos dentes

A doença periodontal é a primeira causa para halitose em cachorros e gatos, decorrente do acúmulo de placa bacteriana nos dentes. Quando essas bactérias começam a se proliferar demais, elas soltam gases sulfurosas e, por isso, um cheiro ruim sai da boca do animal.
Aos poucos, sem escovação ou atrito nos dentes, a placa começa a se mineralizar com ajuda dos minerais presentes na saliva, formando o que é comumente chamado de ‘tártaro’ e cientificamente conhecido como ‘cálculo’ — a doença periodontal pode fazer com que os animais percam os tecidos de sustentação dos dentes e os próprios dentes, por isso merece atenção. Hoje já há pesquisas que mostram que, como uma doença inflamatória, a periodontite também destrói tecidos a distância e pode causar ou acentuar problemas em outros órgãos.
No caso dos gatos, a lesão de reabsorção dentária felina (condição em que dentes permanentes começam a ser reabsorvidos) também é uma causa comum de mau hálito. Além disso, neoplasias (proliferações celulares anormais, que podem resultar em tumores benignos ou malignos), alterações gástricas e problemas esofágicos são outras causas de mau hálitos nos animais.

Maior predisposição

Entre cães e gatos, são os cães que têm maior predisposição à doença periodontal e, consequentemente, ao mau hálito. Isso porque os dentes dos gatos são levemente mais afastados do que os dos cães, o que dificulta um pouco o acúmulo de restos de comida que impulsiona a proliferação de bactérias na boca.
Ainda assim, entre os cachorros, aqueles que correm mais risco são os de menor porte, como yorkshire, poodle, pinscher e chihuahua. Como eles são menores, os dentes ficam mais próximos na boca. Eles tendem também a estar mais dentro de casa, comendo restos de comida. Fora a questão genética por causa dos cruzamentos para produzir raças mais comerciais, que direcionam para isso.
Fontes: Maria Izabel Ribas Valduga, médica veterinária especializada em odontologia veterinária e proprietária da Odontocão e médica veterinária especializada em odontologia veterinária da NR Care/Clinivet Rebeca Bacchi Villanova.

LEIA TAMBÉM: