Animal

Cerveja, cupcakes e camas compartilhadas para cachorros

Willian Bressan, com Agência RBS
01/02/2016 16:04
Thumbnail
Foi durante um casamento de cachorros em São Paulo que Lucas Marques Bueno percebeu que o mercado pet só oferecia petiscos sólidos para os peludos. Assim, o empresário resolveu desenvolver uma cerveja especial para cães. “Como a cerveja é uma das bebidas mais consumidas em festas, tive a ideia de ir atrás para desenvolver”, relembra.
Com a ajuda do Centro de Tecnologia em alimentos e bebidas do Senai de Vassouras, no Rio de Janeiro, o desenvolvimento do produto levou oito meses e contou com a parceria de veterinários e mestres cervejeiros. A bebida é feita a base de água, malte e carne – sem álcool nem gás carbônico, elementos tradicionais da cerveja humana.
Após investir cerca de R$ 500 mil na ideia – o que inclui uma fábrica em São Paulo – Bueno passou a produzir e a comercializar a Dog Beer em agosto do ano passado. Desde então, já foram vendidas aproximadamente 200 mil garrafas long neck, a um preço sugerido de R$ 9,99. O idealizador do produto garante que a aceitação do público animal é alta: 99,9% dos cães bebem o produto em razão da sua palatabilidade. Disponível nos sabores carne e frango, o petisco não deve substituir a alimentação nem a água e deve ser usado apenas como um gesto de carinho. “Pode ser dada como agrado e também para dividir momentos especiais com o cachorro. O dono senta para assistir ao jogo de futebol, pega a cervejinha e dá a do cão também”, sugere Bueno.
Para 2016, a expectativa é de ampliar a linha de bebidas “alcoólicas não alcoólicas” para animais de estimação e iniciar o processo de exportação para os Estados Unidos e a América Latina.  “Cada vez mais o mercado pet está desenvolvendo coisas para se aproximar dos humanos. Queremos evitar que se continue dando comida humana para animais”, explica o proprietário da marca de cerveja.
Há opções cupcakes de carne com legumes ou arroz, peito de peru e beterraba, frango com arroz ou presunto, fígado com presunto e ainda espinafre com arroz e cenoura. A unidade é vendida a R$ 3.  (Foto: Rodrigo Soppa/Gazeta do Povo)
Há opções cupcakes de carne com legumes ou arroz, peito de peru e beterraba, frango com arroz ou presunto, fígado com presunto e ainda espinafre com arroz e cenoura. A unidade é vendida a R$ 3. (Foto: Rodrigo Soppa/Gazeta do Povo)
Em Curitiba, a chef de cozinha Angela Muraro, em parceria com a cunhada, Raquel Sillas, que é nutricionista de cachorro, criou a Biscocake, que vende uma versão dos mini bolinhos para cães e gatos. “A ideia surgiu depois que vimos que em São Paulo existia uma panificadora especializada em alimentos para cachorros”, conta Angela.
Há opções cupcakes de carne com legumes ou arroz, peito de peru e beterraba, frango com arroz ou presunto, fígado com presunto e ainda espinafre com arroz e cenoura. A unidade é vendida a R$ 3. Os doces, que podem ser decorados, saem por R$ 3,50 e os sabores são de iogurte com maçã e canela ou banana, amendoim, aveia com melado, cenoura com canela e alfarroba com ou sem frutas.
A médica veterinária Carolina Zaghi Cavalcante e professora da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) lembra, no entanto, que esses alimentos são apenas agrados. “Nada substitui a ração como alimento diário”, reforça a especialista. Ela alerta que esses mimos não podem exceder uma quantia maior que 10 a 15% da alimentação total.
Casa para eles
Os casos acima não são isolados e mostram que houve uma boa pesquisa de mercado.  Dados da Pesquisa Nacional de Saúde, feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2013, mostram que em 44,3% dos domicílios no país havia pelo menos um cão, o que equivale a 28,9 milhões de residências.
A Postural, fábrica de colchões de Campo Bom e detentora da marca Colchão Inteligente que, desde 2014, comercializa um box com uma espécie de toca para abrigar os cães. “Sabemos que hoje a maioria das pessoas tem cachorrinho em casa e, muitas vezes, eles dormem nos pés ou embaixo da cama. Por que não dar um cantinho confortável e à altura deles?”, diz o franqueado master de Porto Alegre da empresa, João Pedro Clemente.
Criada em 2014 para um ambiente do Casa Cor, a Cama Pet já vendeu mais de 200 unidades em todo o país e faz sucesso na internet. Sites de todo o mundo divulgam o produto e, pelo Facebook, esses conteúdos já receberam curtidas de celebridades como a socialite Paris Hilton.  Um box personalizado custa R$ 3,5 mil.
O espaço, feito com tamanho personalizado, é de MDF revestido com courino e possui uma almofada removível que permite melhor higienização. Principal característica da marca – que produz colchões com a densidade adaptada de acordo com as medidas do comprador –, a personalização da Cama Pet permite criar túneis que vão de ponta a ponta do box ou até estruturas com mais de um espaço dedicado para os peludos. “Os clientes têm adorado e os cães realmente gostam da cama porque sentem-se nos pés do dono. Não tivemos ninguém que tenha dito que o animalzinho não entrou no espaço”, garante Clemente.