Animal

“Meu buldogue Django voltou da praia com o verme do coração”

Amanda Milléo
09/03/2017 14:00
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(Foto: Arquivo Pessoal)

Se o cachorro esteve na praia recentemente, desconfie se levou uma picada do mosquito Aedes aegypti. Embora os cães não desenvolvam as mesmas doenças que os humanos quando em contato com essa espécie, como a dengue e a zika, o mesmo mosquito é um dos transmissores da dirofilariose canina, ou a doença do verme do coração. Quando não tratada, a doença pode levar o cão à morte.
“Nas praias há mais mosquitos e há estudos que indicam as regiões de Guaraqueçaba, Antonina e Morretes como endêmicas da doença. Cães que residem lá ou estão em trânsito, muito comum quando a família desce para passar o fim de semana, podem estar comprometidos”, explica Carolina Scheffel, médica veterinária da clínica Cachorraria.
Django, de três anos e meio, foi um dos cachorros acometidos pela doença no Paraná. O buldogue francês da tutora Debora Mathias Pinheiro Alves, empresária de 29 anos, está no litoral com a família desde outubro do ano passado e, quando foi receber as vacinas em fevereiro, o médico veterinário descobriu a presença das larvas na corrente sanguínea do animal.
“Não percebemos nada, nenhum sintoma. Fomos dar a vacina nele porque tínhamos resgatado uma cachorrinha. Foi o médico que teve a ‘luz’ de fazer o teste quando ouviu que estávamos há algum tempo no litoral. Antes de começar o tratamento, a médica veterinária fez um exame de ecocardiograma nele e não enxergou nenhum verme formado no coração, o que foi um bom sinal”, relata a empresária que também é tutora da London, uma lhasa apso de cinco anos.
A partir da picada, o mosquito deposita as larvas da dirofilariose na pele canina que, com o tempo, se encaminham até o átrio direito do coração, comprometendo a passagem de sangue. Por ser uma doença silenciosa, o animal dificilmente apresenta sintomas. “O animal só desenvolve sintomas em fase bem avançada, quando o coração está repleto de vermes”, explica a médica veterinária.
Debora Mathias Pinheiro Alves, empresária de 29 anos, vive com o marido João Leviski Pinheiro Alves, empresário de 31 anos, e os dois cães Django, buldogue francês de 3 anos e meio, e a London, lhasa apso de cinco anos (Foto: Arquivo Pessoal)
Debora Mathias Pinheiro Alves, empresária de 29 anos, vive com o marido João Leviski Pinheiro Alves, empresário de 31 anos, e os dois cães Django, buldogue francês de 3 anos e meio, e a London, lhasa apso de cinco anos (Foto: Arquivo Pessoal)
Agora, Django passa os dias com uma coleira antipulga, pois tornou-se vetor da doença. “Se algum mosquito picar ele e depois picar outro cachorro, pode transmitir a dirofilariose. Também damos um remédio pela manhã e à noite, todos os dias. O tratamento será longo”, diz Debora.
Prevenção é feita na coleira
Médicos veterinários indicam aos tutores que coloquem coleiras repelentes nos cães, bem como façam a aplicação anual de um medicamento preventivo. “É um remédio novo, que pode ser aplicado uma vez ao ano e previne o animal durante todo o período. Por mais que o cachorro seja picado, e o mosquito esteja contaminado, o cão não desenvolve a doença”, diz Scheffel.
Os valores desse medicamento variam conforme o peso do animal e custam entre R$ 85 (para animais de até cinco quilos), R$ 120 (para animais de cinco a 10 quilos) e R$ 620 para animais maiores de 40 quilos.
“Se pensarmos na relação custo benefício, o que tínhamos antes era apenas o antipulgas mensal, que o tutor não gastaria menos de R$ 80, todos os meses. Em um ano, daria quase mil reais. Esse medicamento é bem viscosa. São microesferas que liberam o princípio ativo ao longo do ano e dura todo esse tempo”, explica Andrea Kanap Lemos, médica veterinária da clínica VetSan.
Aos gatos, porém, não há um medicamento que atue da mesma forma. “Existem algumas coleiras repelentes para gatos, mas são poucas e não há eficácia comprovada. O que dá para fazer é evitar levá-los a regiões endêmicas da doença ou usar um antipulgas que pinga na nuca. Embora não repelem o mosquito, esse antipulgas cortam o estágio da larva, diminuindo o risco de desenvolvimento da doença”, explica a médica veterinária Carolina Scheffel.

O cachorro tem dirofilariose, e agora?

Se você desconfiar da doença, leve o pet ao médico veterinário com rapidez. Lá ele passará por um exame de sangue, que fará o diagnóstico da dirofilariose em poucos minutos. Caso o resultado dê negativo, o cão pode receber o medicamento preventivo e estará liberado. No caso de um resultado positivo, o tratamento começa tão logo se confirme a doença.

Embora os sintomas sejam difíceis de aparecer – e surgem apenas quando a doença está mais avançada – alguns sinais podem ser vistos pelos tutores como: mal estar, apatia, emagrecimento e alteração respiratória.

O tratamento é todo de medicamentos e dura, inicialmente, 30 dias. A cada quatro meses, os exames são refeitos. “Quando dois testes seguidos derem negativos, retira um dos medicamentos, que é o antibiótico, mas mantém o outro, que aplica-se em uma gota no pescoço, responsável pela prevenção da doença”, explica Andrea Kanap Lemos, médica veterinária da VetSan. Quando não é feito o diagnosticado ou o tratamento, a população de vermes aumenta e o cachorro pode morrer por insuficiência cardíaca.
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