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Epidemia no Rio, doença da arranhadura de gatos pode ser evitada
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Sim, é difícil resistir a um gatinho que está solto na rua, mas ultimamente é preciso manter distância dos bichanos desconhecidos. O objetivo é evitar a transmissão da esporotricose felina, uma doença que se tornou epidemia no Rio de Janeiro e tem despertado a atenção dos especialistas. A doença teve um aumento de 400% no número de gatos e outros bichos diagnosticados no ano passado, alcançando 13.536 casos.

A contaminação ocorre através de gatos infectados com o fungo Sporothrix schenckii, que produz feridas na pele e sensibiliza o sistema linfático, podendo levar os animais à morte. Através de arranhaduras, mordeduras e até mesmo secreção via espirro ou tosse, gatos doentes transmitem o fungo a humanos e outros animais, como cães.

Embora nos humanos e nos cães a esporotricose não seja fatal, os sintomas como as feridas e o inchaço dos gânglios causam bastante incômodo. “É uma micose que pode ser ainda mais grave em pessoas que têm o sistema imune comprometido”, explica Flávio de Queiroz Telles Filho, professor de infectologia do departamento de Saúde Comunitária da UFPR.

Segundo o pesquisador, humanos e cães que contraem a esporotricose não correm o risco de transmitir o fungo a ninguém. “Mesmo se um humano estiver com a micose, ele não é capaz de contaminar um gato saudável. A transmissão ocorre apenas através de gatos”, afirma. Telles Filho também lembra que a doença não pode ser evitada com vacinas, então a profilaxia é não tocar em felinos desconhecidos.

Tratamento

O tratamento da micose é longo – dura de três a seis meses – e requer o uso de antifúngicos e/ou antibióticos sob prescrição médica; os medicamentos são distribuídos gratuitamente pela Secretaria Municipal de Saúde, de acordo com o pesquisador. “Como os remédios demoram para recuperar o organismo, muitas pessoas desistem na metade do tratamento, o que é um erro. No caso dos gatos, além de colocar em risco a saúde dos animais, as chances de a doença se tornar uma epidemia só aumentam”, diz.

Aumento de casos

O especialista explica que a esporotricose felina existe há mais de um século, mas os primeiros casos notificados no Brasil ocorreram na década de 90, no Rio de Janeiro. No Paraná, a primeira notificação foi há seis anos, em 2011.

Como a doença é relativamente recente, as pesquisas de controle ainda não podem afirmar se os casos aumentaram ou diminuíram, segundo Juliano Ribeiro, coordenador da Unidade de Vigilância de Zoonoses (UVZ) da Secretaria Municipal de Saúde. “O rastreamento começou em 2014 e, desde então, temos 184 casos notificados. A primeira impressão é de que os casos estão aumentando, mas não é possível confirmar ainda”, afirma.

Ribeiro alerta, porém, que a cidade corre o risco de enfrentar um surto de esporotricose felina se os casos não forem controlados. Para estabelecer um rastreamento das ocorrências, a UVZ, em parceria com profissionais do Hospital de Clínicas da UFPR e da PUCPR criaram um grupo de estudos e de tratamento humano e animal. Os participantes do projeto fazem buscas ativas de animais doentes, além de conversar com a população para aumentar a conscientização sobre a esporotricose felina. “Todos precisam conhecer o problema. O veterinário tem que estar envolvido no tratamento, assim como os tutores precisam castrar seus gatos e evitar que eles saiam para a rua.”

Gatos de apartamento podem contrair esporotricose?

Segundo Telles Filho, gatos que não saem de casa e não têm contato com outros animais são os mais seguros, já que a transmissão da doença é praticamente nula. Para garantir ainda mais segurança ao bichano, a recomendação é fazer a castração do animal.

Como evitar uma epidemia de esporotricose felina:

– Não faça carinho ou se aproxime de gatos que apresentam feridas na pele. Se o gato estiver abandonado, telefone para a UVZ – (41) 3314-5210;

– Se o seu pet ou outro gato perto de você estiver doente, leve-o imediatamente ao veterinário;

– Dê continuidade ao tratamento. Muitas pessoas interrompem os remédios assim que as feridas desaparecem, mas é preciso seguir até que o médico veterinário dê alta para o pet;

– Castre o seu gatinho para evitar que ele saia de casa – a castração também previne uma série de outras doenças.

– Jamais abandone o bichano. Além de ser crime ambiental passível de punição, essa atitude pode aumentar as transmissões;

– Não enterre o animal se ele vier a óbito, pois o fungo continua contaminando o ambiente. A orientação é telefonar para o 156 para que a prefeitura faça o recolhimento.

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