Animal

Fique atento aos primeiros 30 dias dos filhotes

Vivian Faria, especial para a Gazeta do Povo
22/11/2017 12:00
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Os primeiros dias são essenciais para a sobrevivência. Foto: Bigstock

Quem tem animal de estimação em casa fica com dúvidas sobre os cuidados essenciais que os filhotes precisam receber no início nos primeiros dias de vida. Instintivamente, as cachorras e gatas sabem exatamente como pari-los e como tomar conta deles desde o primeiro momento. Mas, de acordo com especialistas, para garantir a sobrevivência e saúde de todos, é preciso ficar atento a quatro pontos principais: alimentação, temperatura, excreção e prevenção de doenças infecto-parasitárias.
É fundamental que os filhotes mamem o colostro, que é o leite das primeiras horas, pois a placenta canina e felina não tem capacidade de passar muitos anticorpos ao feto. Por isso, verifique se a mãe está produzindo leite suficiente para alimentá-los, cuidado que deve começar antes: quando a fêmea está gestante, deve-se deixar ração à vontade. Após o parto, é importante incluir sachês, alimentos úmidos e rações mais proteicas na alimentação da mãe, além de manter o pote de água sempre cheio. Uma alternativa ao sachê é oferecer peito de frango cozido junto com a ração.
Se, ainda assim, os filhotes ficarem chorando enquanto tentam mamar, pode ser que a cadela não esteja produzindo leite suficiente para eles. A saída, então, é recorrer a suplementos substitutivos do leite ou preparos caseiros. Qualquer que seja a escolha, a alimentação deve ser oferecida aos filhotes em uma mamadeira ou seringa a cada duas horas.
Associado à alimentação está o estímulo à excreção. Ao nascerem, os filhotinhos não sabem fazer xixi ou cocô e precisam ser estimulados pela mãe por meio da lambedura da região genital. Se a fêmea não lambê-los, é preciso assumir essa estimulação feita com um algodão umedecido, por pelo menos três minutos (e que serve também para higiene dos bichinhos).
Outro ponto importante é a manutenção da temperatura dos bichos. Eles não têm controle térmico nos primeiros dias de vida, ou seja, morrem rapidamente se ficarem, por exemplo, sobre um piso frio ou sob o sol.  Por isso, é importante que eles estejam próximos da mãe em um ambiente protegido das variações do tempo, ou com uma fonte de calor perto, como uma bolsa de água quente (mas nunca diretamente na pele, que é fina e queima com facilidade). Vale ainda colocar um bicho de pelúcia maior do que os “de verdade” como uma referência da mãe (caso ela não possa permanecer junto com as crias).
Foto: Preferencialmente, filhotes devem ser mantidos com a mãe. Foto: Visual Hunt
Foto: Preferencialmente, filhotes devem ser mantidos com a mãe. Foto: Visual Hunt

35 a 40 dias

É o tempo necessário para começar o desmame dos filhotes —o tutor pode começar a oferecer ração umedecida com água, que será mais facilmente mastigada e deglutida — nunca use leite, pois, segundo os especialistas, pode provocar diarreias. É importante colocar ração suficiente para a alimentação do filhote naquele momento e jogar o que sobrar fora (o ambiente  é propício para o desenvolvimento de fungos e bactérias).

Parto

Em geral, as fêmeas não precisam de ajuda para parir seus filhotinhos. Normalmente, os nascimentos ocorrem com um intervalo de até duas horas entre eles e as mães sabem que precisam abrir e comer a placenta, além de limpar o filhote, antes de colocá-lo próximo de si para que ele mame.
Contudo, se o intervalo entre um nascimento e outro for muito longo, a cachorra pode estar com dificuldades no parto, e uma cesárea às vezes é necessária. Por isso, o tutor deve ficar atento à cadela. Além disso, se ela não der toda a atenção necessária aos filhotes, pode ser preciso intervir, limpando-os e colocando-os para mamar.

Placenta

A regra é que as cachorras comam a placenta de cada filhote nascido. Como as placentas são altamente proteicas, as mães podem ficar até 48 horas sem se alimentar depois do parto. Esse também é o período em que o animal fica mais debilitado. Depois dele, ela começa a ficar um pouco mais ativa e sai do ninho para se alimentar.

Desverminação e vacinas

A partir do 25º dia de vida do filhote, é possível fazer a primeira desverminação. Como o filhote nasce com uma carga parasitária grande e está constantemente lambendo coisas novas (o que facilita a infecção), a desverminação pode ser feita mensalmente até o animal completar seis meses de vida. Depois disso,  até duas vezes por ano, conforme orientação do médico veterinário que acompanha a saúde do bichinho.
Vinte dias depois da desverminação, o protocolo vacinal pode ser iniciado. Os cachorros precisam tomar três doses das vacinas múltiplas (óctupla e déctupla), a primeira aos 45 dias de vida e as outras em intervalos de 21 dias. Junto com a última dose, aplica-se a vacina antirrábica, também obrigatória.
Antes de tomarem todas as doses de todas as vacinas, não é aconselhável que os filhotes saiam do ambiente onde nasceram e interajam com outros cães ou animais, para evitar que eles fiquem doentes.

“É fundamental que os filhotes mamem o colostro, que é o leite das primeiras horas, pois a placenta canina e felina não tem capacidade de passar muitos anticorpos ao feto.” – Sylvio Renato Mehler Elias, médico veterinário da Clínica Veterinária Arca de Noé.

Fontes: médicos veterinários Simone Gonçalves da Silva, do pet shop Petz e Sylvio Renato Mehler Elias, da Clínica Veterinária Arca de Noé.

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