Animal

O charme vira-lata

Érika Busani, erikab@gazetadopovo.com.br
10/06/2012 03:14
A dona de casa Mariel Dalledone, 48 anos, adotou os três cachorros e garante que há muita diferença: “Tive muitos cachorros, de diversas raças, mas nenhum tão inteligente e obediente quanto a Sofia”.
É só com ela que Mariel consegue andar na rua sem a guia. “ A Chiara, nem tentei ensinar. Uma vez ela fugiu e ficou três meses na rua. A Sofia pode ver o portão aberto que não sai. Quando eu paro na calçada, ela para junto.”
Embora o senso comum seja mesmo de que os cães sem raça definida sejam mais inteligentes, a professora do curso de Medicina Veterinária da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) Ana Paula Sarraff Lopes explica que a diferença está na mistura de raças. “Assim como um beagle é mais agitado e um shitsu mais tranquilo, o vira-lata vai depender das raças com que foi cruzado. É uma incógnita”, afirma.
Outra crença habitual sobre esses cães e gatos é de que são mais resistentes. Em parte, ela se justifica. “Qualquer raça é predisposta a determinadas doenças. Os mestiços não têm essa predisposição”, diz Ana Paula. Ela lembra também que alguns criadores fazem cruzas entre parentes em busca de bichos “ideais”, mas a consanguinidade traz mais predisposição a doenças. O próprio abandono torna os vira-latas mais fortes. “Como são menos cuidados, fazem imunidade seletiva. Mas fisiologicamente não há nenhuma diferença comprovada”, assegura a veterinária Juliane Quitzan.
O problema dessas suposições é que elas podem levar os donos a terem menos cuidados com eles. Mas o básico serve para qualquer cão e gato: vacinação anual, vermifugação semestral, cuidados de higiene e alimentação adequada – de preferência com ração indicada para o porte e a idade do animal – e castração. Adotar um vira-lata é um ato de cidadania. “Se quem quer um animal adotasse em vez de comprar, teríamos menos cães e gatos abandonados nas ruas”, lembra Ana Paula.