Os cães que são estrelas dos concursos de beleza

Na pista da exposição, diante de aficionados pelo universo dos cães com pedigree, os animais inscritos entram em cena e exibem as características que os tornam modelos de sua raça. Foi em um cenário assim que Zidane encantou o júri de uma mostra pela primeira vez. O potencial de campeão fez jus ao craque francês de mesmo nome e rendeu ao cão sua primeira vitória: o título de melhor collie jovem do Brasil. Feito que encheu de orgulho o seu dono, o jornalista e narrador esportivo Luiz Augusto Xavier. Ele é criador de cães e viu o avô e os pais de Zidane ganharem títulos importantes, mas ficou particularmente empolgado com o triunfo do rough collie: “Cada vitória, por mais simples que seja, é uma emoção a mais”.

Em Curitiba, a escolha do melhor cão das exposições do Kennel costuma levar o dia todo. Não é para menos. Cerca de 150 candidatos são avaliados por juízes especializados no assunto. O criador Carlos Mion é um deles. Para integrar o júri curitibano, fez um curso oferecido pela Confederação Brasileira de Kennel Clubes e, durante seis meses, estudou anatomia, genética, movimentação e padrão racial. Nas exposições, o que pesa na decisão dele vai muito além do que é meramente aprazível aos olhos. O objetivo das exposições é eleger os representantes mais próximos do modelo estabelecido para cada linhagem. “O cão precisará ser julgado por cinco juízes e receber cinco certificados para então ganhar o título”, explica Mion.

Qualquer cão que tenha mais de 4 meses e pedigree reconhecido pela FCI pode participar das competições. E quem pretende preparar o cachorro para um evento desse tipo pode contratar os serviços dos chamados handlers, cuja missão é apresentar os cães nas mostras. Luiz Antônio Rezende treina Zidane e, para preparar campeões, fez um curso em que estudou técnicas de apresentação, manutenção e condicionamento para cachorros. “A profissão é complexa e exige dedicação integral”, revela.

A cinofilia é uma paixão instigante, mas tem lá seus desafios. Um dos problemas mais comuns é a criação indevida de animais de raça. Mion explica que, embora várias pessoas se dediquem ao estudo e ao aperfeiçoamento racial por amor à diversidade de linhagens, para outras a criação de cachorros é apenas um meio de ganhar dinheiro, o que desvaloriza a atividade.