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Saiba o que fazer quando seu cão ou gato tem convulsão

Carolina Kirchner Furquim, especial
11/06/2016 09:00
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Foto: Bigstock

A convulsão em animais costuma ser um evento assustador para quem tem um amigo em casa, especialmente se for a primeira vez. Contudo, manter a calma é essencial para dar ao bichinho o suporte que ele precisa no momento em que o problema se manifesta. Infelizmente é uma ocorrência comum em animais domésticos, principalmente em cães.
De um modo geral, as convulsões envolvem perda de consciência, salivação excessiva, exposição dos dentes, feição assustada e perda do controle das fezes e urina. O animal também passa a fazer movimentos com as patas que lembram uma pedalada. Os episódios costumam durar até dois minutos e há pouco o que se fazer no momento. Pode acontecer uma segunda crise em seguida e a busca por ajuda profissional deve acontecer no mesmo dia.
A recomendação é que se abra bastante espaço e que uma almofada ou travesseiro sejam providenciados para apoiar a cabeça do animal e evitar que ele se machuque, porém, sem segurá-la. Tentar segurar a língua também não é indicado. Além do risco de uma mordida, a asfixia pela língua é praticamente descartada. Passada a convulsão, o animal tende a ficar com muita sede ou fome, agitado ou cansado.
Principais causas e prevenção
A convulsão, em resumo, é uma manifestação clínica que ocorre quando há descargas elétricas em excesso no cérebro e suas causas podem ser de ordem extra ou intracraniana. Na primeira, alguns problemas como hipoglicemia, diabetes sem tratamento, intoxicações e doenças hepáticas podem desencadear uma convulsão. Quando o problema é intracraniano, pode estar relacionado a lesões cerebrais, neoplasias e até mesmo infecções.
Para distúrbios cerebrais, metabólicos ou vasculares, não há prevenção. Contudo, é possível prevenir intoxicações (por produtos químicos, remédios ou plantas), infecções (através da vacinação em dia), traumas (atropelamentos e quedas, ligadas à questão da posse responsável) e pulgas e carrapatos (que podem transmitir agentes causadores de convulsões).
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Investigação e diagnóstico
O diagnóstico do problema que leva às convulsões é facilitado quando há lesão aparente no cérebro. A investigação se torna um pouco mais difícil quando não há, nos exames de imagem, sinais como edemas e cicatrizes.
Uma vez no médico veterinário, além de todo o check-up clínico (temperatura, análise das funções e possíveis inflamações ou infecções), a conduta é o encaminhamento do animal para exames de sangue, tomografia, ressonância magnética e coleta de líquor (ou líquido cefalorraquidiano, de extrema importância para o diagnóstico neurológico), que vai identificar, na amostra, a presença ou não de bactérias, fungos, parasitas ou vírus.
Somados, os resultados destes exames ajudarão a fechar o diagnóstico correto. Quando a causa não for identificada, a convulsão é caracterizada como idiopática. Se for identificada alguma neoplasia, o prognóstico geralmente não é bom.
Tratamento
A escolha do melhor tratamento vai acontecer a partir da definição da causa. Se a origem for idiopática (uma herança genética, em sua maioria), pode ser prescrito um medicamento anticonvulsivante, que controla as descargas elétricas no cérebro. Mesmo que o animal não apresente mais quadros convulsivos, é importante não abandonar o tratamento, já que estes remédios têm resposta lenta e progressiva.
A medicina veterinária também conta com terapias que promovem um efeito imediato na convulsão. Este tipo de tratamento geralmente é utilizado quando os quadros são mais graves e longos, como quando o animal chega ao veterinário convulsionando, por exemplo. A medicação, aplicada nas mucosas das narinas ou reto, é emergencial e interrompe o quadro.
Se houver causa específica, trata-se a doença.
Convulsões em gatos
Existem inúmeros tipos de convulsões, mas, em resumo, são generalizadas (tônico-clônicas) ou parciais (também chamadas de focais). Gatos costumam ser acometidos pelas crises focais, quando a manifestação não envolve perda de consciência. Então é importante estar atento a sinais como contração dos músculos da face (como se fosse uma careta), vômito ou diarreia, movimentos mastigatórios repetitivos e sutis mudanças de comportamento.
Oferecendo ajuda
Durante uma crise convulsiva, não há muito o que fazer senão esperar passar. Entretanto, alguns cuidados podem ajudar seu animal. São eles:
– Deixe o animal com bastante espaço, longe de escadas, objetos que possam cair sobre ele e outros animais que possam atacá-lo.
– Proteja a cabeça com o apoio de superfícies macias, como travesseiros e almofadas.
– Jamais coloque a mão ou qualquer objeto na boca do animal. Ele pode morder ou machucar a si mesmo.
– Não ofereça água durante o ataque. Depois disso o animal pode querer beber água em excesso, o que não é problema.
– Contabilize o tempo estimado da convulsão e leve essa informação ao veterinário. Geralmente dura entre um e dois minutos. Em casos mais raros, pode passar apenas com a administração de um anticonvulsivante.
– Busque ajuda profissional no mesmo dia.
FONTES: José Ademar Villanova Junior, professor de medicina veterinária e do programa de pós-graduação em Ciência Animal da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) e Fernanda Niederheitmann, veterinária da Clínica Veterinária Curitiba.