Animal

Quando dormir vira um problema

Lucas Gabriel Marins, especial para Gazeta do Povo
11/08/2013 03:03
A boxer mestiça Chica, 8 anos, era espoleta. Corria muito e sempre recebia os visitantes com um pulo e uma lambida. Só que, de uma hora para outra, o seu ânimo deu lugar à letargia – da cama ela saia apenas para comer. Adotada quando tinha 2 anos pela família Bossini, Chica foi diagnosticada com hipotireoidismo – doença conhecida entre os humanos, mas que também afeta os cachorros com idade entre 4 e 10 anos.
O hipotireoidismo ocorre quando a glândula tireoide, responsável pelo metabolismo e pelas reações químicas que comandam o corpo, deixa de produzir hormônios. O motivo dessa “pane”, segundo o médico veterinário da Clinivet, Rodrigo Friezen, é o próprio or­­ganismo. “Na grande maioria dos casos existe uma resposta imu­­nológica do corpo, que gera uma inflamação contra a glândula e conduz a diminuição dos hormônios.”
Os principais sintomas da doença são sonolência excessiva, obesidade e alterações na pele. Foi o que aconteceu com Chica. “Além de ficar dorminhoca, ela ganhou 8 quilos e a região do abdome ficou cheia de manchas escuras”, disse a dona da boxer, a comerciante Vera Beatriz Bossini. Há ainda outros sintomas, como intolerância ao frio, mudança de comportamento, pelagem seca, descamação da pele e até convulsões.
O tratamento consiste basicamente na reposição dos hormônios da tireoide, por via oral. “O remédio deve ser da­­do duas vezes ao dia, com o animal em jejum, para que o intestino absorva de forma correta o medicamento”, diz Rebeca Bacchi, professora de clínica médica da Faculdade Evangélica do Paraná. O acompanhamento deve ser feito por meio de exames de sangue a cada dois meses, pois a doença não tem cura. Mas, se o tratamento for seguido à risca, o animal poderá ter uma boa qualidade de vida.
Narcolepsia, a “doença do sono”
Se o seu cachorro cair dormindo de uma hora para outra, atenção: ele pode estar com narcolepsia. E o soninho fora de hora pode ocorrer enquanto ele come, corre, passeia. Normalmente há um gatilho para que isso ocorra, que pode ser a voz do dono e até a hora da alimentação.
A narcolepsia é resultado de uma mutação nos neurotransmissores do cérebro. Segundo o neurologista da Clinivet, Fernando Bah, a doença é rara e até hoje não se sabe exatamente por que acontece. “Trabalho há 10 anos aqui no hospital e só vi dois casos até hoje”, disse.
O diagnóstico é feito com base na observação do animal e por meio de ressonância magnética. O tratamento é feito com antidepressivos. Como no caso do hipotireoidismo, alguns pacientes apresentam sinais de melhora, mas geralmente ficam dependentes dos remédios pelo resto da vida.