Animal

Quando o espaço faz a diferença

Annalice Del Vecchio, especial para a Gazeta do Povo
16/03/2014 03:07
Cães com crises de agressividade e ansiedade por separação são casos corriqueiros no consultório da veterinária Gisele Sprea, especialista em comportamento animal da clínica veterinária Clinivet. “São problemas decorrentes do estilo de vida das famílias, que trabalham o dia inteiro e deixam seus animais de estimação sozinhos em espaços confinados”, explica. Seu trabalho, nesses casos, é tentar colocar ordem no caos já instalado.
Para evitar problemas como esses, Gisele recomenda a quem deseja um companheiro canino de grande porte, mesmo morando em espaços reduzidos, que faça um aconselhamento preventivo com um profissional. “Ele vai saber orientar qual a raça mais compatível ao modo de vida daquela pessoa ou família. Muita gente busca um cão para suprir seu desejo de ter um companheiro e se esquece das necessidade do próprio animal”, considera.
Conhecer as características de cada raça, aliás, é a primeira medida de aquisição consciente – independentemente do tamanho. Nem sempre o porte do animal é proporcional à metragem do apartamento. Alguns cães menores, como o border collie, uma raça de pastoreio, podem desenvolver ansiedade que evolui para a compulsão quando não têm a liberdade necessária para correr – o que também se aplica a grandes raças, como o pastor alemão e o rotweiller.
Mas o fato é que cães de grande porte – como boxer, ridgeback, dogue alemão, labrador, collie, husky siberiano, golden retriever, weimaraner e são bernardo – não conseguem brincar ou se movimentar com liberdade em um ambiente pequeno sem derrubar e quebrar objetos. “Eles precisam de vários momentos do seu dia com mais espaço para atividades”, explica a veterinária, que sugere passeios ao menos duas vezes ao dia e, até mesmo, a mudança da decoração da casa para um estilo mais “clean”, com menos mobília, para evitar acidentes.
Se a vontade de ter cão grande for inegociável, Gisele sugere algumas raças que gerem menos demanda por serem de companhia, como o labrador e o golden retriever. “Mesmo assim, há necessidade de destruir e mordiscar objetos, uma condição inata da espécie. Mas há meios de direcionar isso positivamente, com brinquedos e atividade física”, diz a médica.
“Manual de instruções”
A veterinária Gisele Sprea, especialista em comportamento animal, dá dicas para quem deseja conviver com um cão de grande porte em espaços reduzidos:
• Faça um aconselhamento preventivo com um profissional para tirar dúvidas e receber orientações sobre qual raça é mais compatível ao seu modo de vida
• Analise o cão escolhido para detectar se ele será mais ativo ou mais tranquilo. “Cada indivíduo é único, independentemente da raça”, explica
• Depois que adquiriu o cão, forneça brinquedos e ossos para que o animal possa morder e destruir
• Faça passeios longos no mínimo duas vezes ao dia
• Se você passa muito tempo fora de casa, é possível colocar o pet em uma creche de cães por meio período, para que ele possa brincar com outros cães
• Brinque com o seu bichinho em horários em que ele demonstre maior energia