Animal

Saiba como amansar um pet feroz

Lívia Inácio, especial para a Gazeta do Povo
09/11/2014 02:03
Quando Max, um boxer de 3 anos e meio, foi ao veterinário pela primeira vez, quebrou uma lixeira, arranhou uma porta e apavorou quem aguardava na sala de espera. Não se tratava de uma fúria gratuita. Ele precisava de ajuda. A secretária executiva Vilma Minicovski da Silva, 56 anos, e as filhas, Viviane e Janaína Soares da Silva, 34 e 24 anos, adotaram o cachorro quando o ex-dono ficou com medo do temperamento agressivo e resolveu sacrificá-lo.
Depois de tomar medicamentos receitados por uma especialista durante um mês, o cão, que costumava latir desesperadamente para o céu por se incomodar com o movimento das nuvens e, não raro, seguia as donas com um olhar ameaçador e se sentava de costas para elas, se transformou em um novo Max. Quem o vê hoje, tão dócil, quase não o reconhece.
Embora a fama de mau do boxer permaneça no imaginário da vizinhança – ninguém se aproxima do portão quando ele está por perto –, em casa todo mundo está contente com a mudança do pet, que precisará seguir com os remédios por um bom tempo. O esforço vale a pena para as donas, que acreditam que um bichinho de estimação só precisa de alguém que acredite nele. “A gente precisa pensar muito antes de desistir de uma criatura”, diz Vilma.
Os especialistas concordam: a veterinária Deise Ebert Alves, do Hospital Veterinário Didatus, explica que a agressividade de um animal pode estar relacionada a vários fatores, e as particularidades de cada pet devem ser levadas em conta. O primeiro ponto a ser considerado é a linhagem. Para Deise, o ser humano passou a atribuir funções distintas aos cães em função do porte de cada raça. O rottweiler, por exemplo, por ser forte, sempre foi induzido a ser um bom cão de guarda – o que levava os mais dóceis a serem deixados de lado, caso não se adaptassem. Esse tipo de seleção artificial teria ajudado a alimentar estigmas raciais. Quase sempre dá para detectar se o pet vem ou não de uma linhagem mais agressiva. Há cães que com 30 dias já são bem bravos. “Conheço poodles extremanente nervosos e rottweilers doces”, conta.