Animal

Sinais revelam doenças no coração em cães

Rafael Adamowski, especial para a Gazeta do Povo.
10/06/2016 09:00
Thumbnail
Doenças valvares, que acometem as válvulas do coração, e afecções miocárdicas, que afetam primariamente o miocárdio, são as enfermidades cardíacas mais comuns em animais. Essas doenças podem ser adquiridas ou congênitas, ou seja, podem se desenvolver ao longo da vida ou o animal pode nascer com elas. No dia a dia da cardiologia veterinária as doenças adquiridas são muito mais comuns. Confira informações de Marlos Gonçalves Sousa, cardiologista veterinário da UFPR e Maicon Almeida, anestesista veterinário da Cevet.
Em ambos os casos especialistas acreditam que o aparecimento da doença esteja relacionado a características genéticas do animal. Pesquisas já identificaram polimorfismos genéticos associados com o desenvolvimento das doenças congênitas. Embora esse tipo de diagnóstico ainda não seja realidade para a maioria dos donos de animais, é provável que no futuro seja possível identificar essas mutações genéticas, de modo a prevenir a ocorrência das doenças nos filhotes.
Sinais importantes
Intolerância ao exercício, cansaço fácil, dificuldade respiratória, tosse e desmaios são alguns dos sinais clínicos da cardiopatia. É importante destacar que outras anormalidades, como problemas respiratórios, também podem causar sintomas semelhantes. Portanto, é fundamental que o profissional especializado solicite exames complementares, que incluem radiografia torácica, ecocardiografia e eletrocardiografia.
LEIA TAMBÉM
O tipo e o estágio das doenças, existência de enfermidades associadas e a presença ou não de sinais clínicos são situações que envolvem a definição do tratamento adequado. O médico veterinário deve ser sempre consultado para definir a melhor estratégia terapêutica, não apenas para as doenças cardíacas, mas para quaisquer afecções que acometam os animais.
Sem volta
Não há uma forma precisa de evitar as cardiopatias. No entanto, como as pesquisas mais recentes parecem apontar para anormalidades genéticas como causa, é provável que no futuro seja possível preveni-las com a avaliação genômica dos pacientes.
A maior dificuldade sobre afecções cardíacas em animais diz respeito ao fato de a maioria delas ter caráter progressivo. Em medicina veterinária o tratamento é conservativo, ou seja, está focado em minimizar as consequências da insuficiência cardíaca e, talvez, retardar a progressão natural da doença, aumentando a expectativa de vida dos pacientes.

“Tipo e estágio das doenças, existência de enfermidades associadas e a presença ou não de sinais clínicos são situações que envolvem a definição do tratamento adequado. É provável que no futuro seja possível identificar essas mutações genéticas, de modo a prevenir a ocorrência das doenças nos filhotes.”

Marlos Gonçalves Sousa, cardiologista veterinário da UFPR.

Atenção ao gato maine coon
Estudos já são capazes de identificar algumas origens de cardiopatias nos animais domésticos mais comuns. No gato, por exemplo, foi identificada uma mutação no gene MYBPC3, que codifica a proteína C ligante da miosina, associada ao desenvolvimento da cardiomiopatia hipertrófica em algumas raças de gatos, como o Maine Coon.
Dobermans são mais suscetíveis
Em cães da raça doberman também já foi identificado um polimorfismo no gene PDK4, alterando a síntese da enzima piruvato desidrogenase quinase 4, e causando alteração no metabolismo do miocárdio, com consequente desenvolvimento da anormalidade contrátil. Estas informações, no âmbito da medicina veterinária, colaboram para avanços em termos de diagnósticos e tratamentos das cardiopatias.