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Amora, pitanga, nêspera: as delícias que Curitiba ainda reserva de comer frutas do pé

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20/09/2017 08:00
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Foto: Marina Mori / Gazeta do Povo

A volta da escola para casa durante a primavera e nos dias que antecede à estação é sempre motivo de alegria para os irmãos Olavo, de 10 anos, e Cassiano Foes, de 14. Os dois, em especial o caçula, não se importam em manchar as mãos com as centenas de amoras que enfeitam uma árvore de cerca de três metros de altura em frente à casa dos vizinhos. A missão para conseguir as frutas mais doces, que ficam no topo, é feita em conjunto. Assim que a mãe, Cássia Foes, 47, desacelera ao virar na esquina de casa e para ao lado da amoreira, Olavo se espicha na janela traseira e começa o trabalho.
“A vida toda eles saem por aí pegando frutinha”, conta a mãe. Não precisam ir longe: a poucos passos de casa, no Alto da XV, os garotos têm acesso não só a amoras, mas também acerolas, framboesas e pitangas – todas de árvores plantadas nas calçadas do bairro.
O trabalho em conjunto. Enquanto a mãe estaciona ao lado da amoreira, o filho se espicha para alcançar os melhores frutos. Foto: Marina Mori / Gazeta do Povo
O trabalho em conjunto. Enquanto a mãe estaciona ao lado da amoreira, o filho se espicha para alcançar os melhores frutos. Foto: Marina Mori / Gazeta do Povo
Por sorte, as frutas silvestres – essas difíceis de encontrar nos supermercados – não se restringem a apenas uma região de Curitiba. Basta andar um pouco pelas calçadas mais arborizadas para encontrá-las. Os ousados as comem ali mesmo, sem lavar (dizem que o que não mata, engorda, não é?). Vale lembrar, porém, que a recomendação é sempre higienizar os alimentos antes do consumo para evitar intoxicações.
Mas, além da diversão e da nostalgia, passar um tempo se distraindo com essas frutinhas pode fazer bem ao corpo e à mente. Conheça um pouco sobre os benefícios e propriedades de algumas delas:
Amora
Contém muitos antioxidantes, como a vitamina C, e polifenóis. Um estudo de 2009, da Universidade de Tufts, em Boston, identificou melhoria de funções cognitivas e motora pelo seu consumo. As amoras, como parte do grupo das frutas vermelhas (como morangos, framboesas e mirtilos), são também ricas em flavonóides, como a quercitina e catequina que, por sua função antioxidante, podem contribuir na redução de triglicerídeos e do LDL (mau colesterol) e aumento do HDL (bom colesterol).
Chá da folha de amora tem mais cálcio que o leite, mas não 22 vezes mais. Foto: Pixabay
Chá da folha de amora tem mais cálcio que o leite, mas não 22 vezes mais. Foto: Pixabay
Nêspera 
Conhecida também como ameixa-amarela ou ameixa-japonesa, é nativa da região sudoeste da China oriental mas formou raízes por todo o Brasil, principalmente em São Paulo (o estado é o maior produtor da fruta no país). Sua polpa, suculenta, guarda mais que um sabor cítrico (e muito doce, se estiver bem madura): é rica em sais minerais e vitaminas A e C.
O bom mesmo é comê-las direto do pé mas, se o chef de cozinha que mora em você estiver ansioso para inventar moda, saiba que, assim como as amoras, as nêsperas podem ser o ingrediente principal de geleias, tortas e licores. Nesta receita, as frutinhas foram assadas com tomates-cereja e hortelã.
Nêspera (ou ameixa-amarela). Foto: Pixabay
Nêspera (ou ameixa-amarela). Foto: Pixabay
Pitanga
É bem provável que você lembre mais da versão em suco (sua polpa é vendida congelada nos supermercados), mas não há nada como comer pitanga “direto da fonte”. Rica em vitamina A, a fruta é miúda e cítrica – as vermelhas são as mais doces.
Ao contrário da nêspera, a pitanga é de origem brasileira, da Mata Atlântica, e seu nome é de origem Tupi-Guarani; na língua indígena, significa “vermelho”. Não por coincidência, o ditado “chorar as pitangas” vem da associação dos olhos vermelhos e inchados à frutinha. Talvez seja injusto. É difícil chorar com tanta beleza que a natureza nos proporciona.
Foto: Pixabay
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