Comportamento

Amanda Milléo

Baleia Rosa adapta estratégia do jogo mortal Baleia Azul

Amanda Milléo
19/04/2017 14:39
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(Foto: reprodução Facebook)

Por mais que o jogo Baleia Azul pareça cada vez mais popular e perigoso, com desafios que culminam no suicídio dos participantes,  há movimentos contrários e que buscam valorizar à vida. Desde a última quarta-feira (12), mais de 100 mil pessoas se posicionaram aos movimentos que propõem a automutilação e o suicídio e decidiram participar de outra estratégia nas redes sociais: a Baleia Rosa.
Criada por dois jovens brasileiros, a página no Facebook e o site da Baleia Rosa propõem o exato oposto de tudo que o Baleia Azul quer: a valorização da vida. Para isso, eles adaptaram as regras do jogo original e vêm ganhando adeptos e seguidores a cada hora.
Ao contrário de cortes e machucados, escrever na pele de alguém o quanto você a ama; fazer elogios para si mesmo em frente ao espelho e conversar com alguém com quem você não falava há muito tempo são algumas das sugestões, que precisam ser registradas nas redes sociais para que a positividade atinja um número cada vez maior de pessoas. A ideia dos criadores é que, cada vez que alguém tentar buscar o jogo da Baleia Azul, encontre a página do Baleia Rosa e se sinta, de alguma forma, acolhido.
“Quanto mais as pessoas espalharem a Baleia Azul, mais casos podem ter. Porque pessoas em depressão podem se prejudicar e então tivemos essa ideia de espalhar o oposto, de colocar um nome bem parecido, mas o contrário, e com tarefas opostas também”, explicou um dos idealizadores do projeto ao Viver Bem, por telefone, que preferiu manter o anonimato e justificou: “Assim as pessoas que nos mandam mensagens conseguem se abrir sem medo. Se tiver alguém, um nome, elas podem ficar com vergonha de compartilhar alguma dor”.

Tarefas do bem

Ao todo são 50 tarefas e desafios, assim como o jogo da Baleia Azul, mas o fim é bem diferente. “Enquanto no original, a última tarefa é tirar a própria vida, a nossa sugere que se salve uma vida, fazendo uma doação a alguma instituição de caridade de confiança”, explica o criador da página.
Embora boa parte dos desafios esteja relacionado à autoestima dos jogadores, como dizer para si mesmo que é lindo e postar uma foto usando a roupa que te faz bem, há tarefas que parecem não ter relação com uma autoajuda, e isso tem razão de ser.
“O jogo original pede que as pessoas façam cortes na pele no formato de baleias com uma navalha, e aqui pedimos que elas desenhem duas baleias em uma batalha de travesseiros. Pensamos no oposto da Baleia Azul. No total, criamos umas 80 tarefas e fomos separando as mais interessantes e que poderiam ajudar. Fizemos uma pesquisa entre nossos amigos para escolhermos as mais adequadas”, diz.

1,5 mil mensagens

O sucesso da página assustou os criadores e eles decidiram buscar ajuda para responder as várias mensagens que recebem todos os dias. Apenas nesta quarta-feira (19), o idealizador da Baleia Rosa disse ter recebido mais de 1,5 mil mensagens por inbox – algumas com pedidos de ajuda.
“As pessoas entram em contato, dizem que estão participando do Baleia Azul, que estão se cortando e mandam até fotos dos cortes. Como eu e minha amiga não somos da área de saúde, pedimos a ajuda de uma profissional, uma psicóloga, que responde às mensagens mais graves. A gente percebe no tom da conversa e direciona para ela, que faz esse suporte. Ou mandamos o contato do Centro de Valorização da Vida (CVV)”, conta.
Internet não é a vilã
Pode não ser o objetivo principal, mas a Baleia Rosa também reforça que a “culpa” do jogo e do suicídio dos jovens não é da internet e das redes sociais – ao contrário do que as mensagens via WhatsApp e Facebook podem sugerir. “A internet é tão forte e é claro que tem muita coisa podre, mas ela pode fazer uma diferença absurda e é o que temos visto pela Baleia Rosa”, diz o criador da página.

As capivaras também estão no movimento!

Com a mesma ideia de criar um desafio “do bem”, o pessoal da Capivara Amarela criou um grupo de discussão no Facebook onde é possível se cadastrar como desafiante ou curador, que ajudará os participantes da brincadeira. Para ser curador, é interessante que tenha alguma formação (ou esteja estudando) na área da saúde – embora isso não seja uma exigência.
O jogo possui 50 etapas, voltadas a quem precisa de “motivação para continuar vivendo”. “O projeto tem um objetivo sério, mas não tem a pretensão de substituir um tratamento médico por parte de profissionais da área. Apenas ajudar quem precisa de maneira lúdica e voluntária”, conforme ressalta o grupo na descrição.
Precisa conversar com alguém? Veja como entrar em contato com pessoas que podem ajudar:
Entre em contato com eles pelo telefone 141, ou mesmo pelo site da instituição, onde você pode mandar um e-mail, conversar via Skype e até por chat. Acesse aqui. Se preferir ir até o CVV, a sede de Curitiba está localizada na rua Carneiro Lobo, 35. Bairro Água Verde. Eles atendem 24 horas e o telefone da sede é o (41) 3342-4111.
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