Comportamento

Redação

Levar o próprio lanche ao casamento real: a tradição que Príncipe Harry está começando

Redação
08/05/2018 11:49
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Harry e Megan Markle, clicados nos jardins do palácio. Foto: Getty Images.

O casamento do príncipe Harry com a atriz Meghan Markle, no próximo dia 19 de maio, não é exatamente modesto. Aproximadamente 600 pessoas foram convidadas para assistir à cerimônia dentro da capela de São Jorge. E os números são ainda maiores se considerarmos os convidados que ficarão do lado de fora do Castelo de Windsor: serão 2.640 no total.
Acompanhar a chegada dos noivos ao castelo é um programa que deve durar muitas horas. Por isso,  a assessoria do Palácio de Kensington, residência oficial do príncipe, informou à AFP que está incentivando os convidados a levarem seu próprio lanche. É que no evento só serão servidos lanches leves e bebidas e ficar muito tempo sem comer ou beber pode fazer com que muitas pessoas fiquem indispostas.
Nem todos os convidados, no entanto, precisarão levar sua própria comida. Isso só será necessário para aqueles que não estão na lista da recepção. É que é tradicional que os membros da família real convidem muitos plebeus para seus casamentos. Apenas parte dos convites, porém, inclui estar realmente próximo dos noivos e seus familiares. À noite, o príncipe Charles, pai de Harry, vai oferecer uma recepção ainda mais íntima para os parentes e amigos realmente próximos.
Embora seja polêmica, a medida não é inédita. Em 2014, a então primeira dama dos Estados Unidos, Michelle Obama, fez algo parecido em seu aniversário. Os convidados foram aconselhados a “comer antes de chegar” à festa. Na época os especialistas em etiqueta se dividiam entre os que rechaçaram a indelicadeza e os que classificaram o pedido apenas como “diferente”.
Michelle e Barack Obama dançam juntos em festa oficial na Casa Branca. 2010. Foto: Reprodução/The White House.
Michelle e Barack Obama dançam juntos em festa oficial na Casa Branca. 2010. Foto: Reprodução/The White House.

Realeza atualizada

Para Silmara Adad, supervisora do curso de etiqueta e comportamento corporativo do Centro Europeu de Curitiba, a novidade é mais um sinal de atualização da realeza britânica. “Esses convidados na verdade vão acompanhar do lado de fora. Parece indelicado porque, uma vez convidado, a regra é que quem convida, paga. Mas eles estão oferecendo algo, então não estão fugindo do protocolo. É mais um conselho como ‘eu te ofereço isso, mas, se você quiser trazer algo mais, então fique à vontade para trazer’.”
Esse tipo de mudança, como explica a especialista, demonstra que os protocolos estão se tornando mais arejados, mas sem desprezar as tradições. “É uma mudança de comportamento, mas do castelo para fora. Esse convite para acompanhar nos jardins do castelo é uma forma de se aproximar dos súditos, também. Isso porque, nessas ocasiões, a gente vê os súditos acampando para o grande acontecimento, é quase um show de rock.”
Mas Meghan já está quebrando uma série de protocolos da realeza. Silmara lembra, por exemplo, que a atriz chegou a cogitar entrar na igreja acompanhada da mãe, em vez do pai. “Parece que ela vai acabar entrando com o pai mesmo, porque é uma questão protocolar que realmente não pode ser quebrada. Mas já houve outras situações inéditas envolvendo a Meghan. Esses são momentos importantes que refletem toda essa mudança mais arejada e atualizada da realeza deles, mas que também não deixam de seguir certas tradições muito sólidas.”

Tradições

Assim como no Brasil, algumas tradições dos casamentos britânicos são muito particulares. É comum que a noiva use, por exemplo, “algo velho, algo novo, algo emprestado, algo azul e uma sixpence de prata no sapato”. Em inglês, a tradição é quase um poema (something old, something new, something borrowed, something blue and a silver sixpence in your shoe). O sixpence é uma moeda de prata inglesa.
Kate Middleton, que se casou com o irmão de Harry, William, em 2011, seguiu muitas dessas regrinhas. No vestido, desenhado por Sarah Burton, da grife Alexander McQueen, foi usada uma técnica de renda que remonta aos anos de 1800. Também foi divulgado, na época, que embaixo da saia havia um pequeno laço azul. A tiara que ela usou no casamento foi emprestada da rainha Elizabeth II. Por fim, os brincos escolhidos foram dados a ela por seus pais e haviam sido feitos especialmente para o casamento. Eram, portanto, novos.
William e Kate no dia de seu casamento. Foto: Reprodução
William e Kate no dia de seu casamento. Foto: Reprodução
Outro costume inglês é marcar o casamento para o período da manhã. Kate e William, por exemplo, se casaram às 11h. Já o casamento de Megan e Harry está marcado para as 12h, no horário local. No Reino Unido é comum que, depois da cerimônia, as celebrações se estendam por todo o dia e não tenham hora certa para acabar.
Quando se trata da família real, há ainda mais regras a seguir. Só para citar alguns, é obrigatório o uso de chapéus pelas mulheres. Por isso, a cada casamento real, surgem inúmeros modelos inusitados nas cabeças das senhoras convidadas. Esse costume não se restringe à família real, mas é mais acentuado quando se trata de eventos promovidos por ela. “Elas adoram e são muito tradicionais. As mulheres usam muito os casquetes e chapéus. Eles expressam muito a personalidade dos convidados. Tanto que, depois, a gente vê um desfile de fotos na internet”, pontua Silmara.
Além disso, quem envia os convites do enlace é a rainha Elizabeth II. Nada mais justo, já que é ela quem paga por todo o evento. O noivo se casa vestindo seu uniforme militar e o bolo costuma ser distribuído aos convidados em caixinhas personalizadas com os nomes dos noivos.

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