Comportamento

Redação, colaborou Maria Isabel Miqueletto

Clubes da leitura resistem ao tempo e à tecnologia em Curitiba; saiba como participar

Redação, colaborou Maria Isabel Miqueletto
18/10/2017 08:00
Thumbnail

Foto: Visualhunt.

A professora de educação infantil Maria do Carmo Vieira, 64, é uma apaixonada por livros. Trabalhou em várias bibliotecas e se esforça para manter o hábito vivo. Há menos de um mês participou pela primeira vez do clube da leitura na Casa da Leitura Maria Nicolas. E não foi sozinha: levou sua filha, que mora em Ouro Preto, além de uma amiga. “Gostei muito. Acho essas iniciativas fundamentais. Espero que continue sempre, ainda pretendo levar muita gente”, reforça.
Nas últimas quartas-feiras de cada mês três ou quatro pessoas se reúnem pela manhã na Casa da Leitura Maria Nicolas, no bairro Santa Felicidade. Acomodados em uma roda, fazem a leitura conjunta de um livro escolhido por Daniele Lourenço de Campos, mediadora e idealizadora do clube da leitura. O clube é voltado para amantes dos livros acima dos 50 anos. “Não é apenas para pessoas mais velhas, mas mesmo os mais jovens que vão já estão na faixa de 40 anos”, ressalta.
Os encontros do clube acontecem em formato de roda de leitura — Daniele lê em voz alta, enquanto os participantes acompanham, e logo depois há uma conversa sobre o autor e o livro.
O clube foi totalmente desenvolvido por Daniele, como parte do projeto que os mediadores de leitura precisam fazer todos os anos. A ideia é que o grupo compartilhe contos de escritores brasileiros. “O projeto começou nesse ano e não tem previsão de que continue, só se tiver interesse dos participantes”.
A adesão ao projeto ainda é baixa. Para Maria do Carmo, isso se deve, em parte, pela dificuldade de manter o hábito de ler. “É difícil para todas as idades. Tento levar meus netos para bibliotecas, mas a concorrência com a tecnologia está cada vez maior e isso atrapalha”, comenta.
O índice de brasileiros que se considera leitor subiu 1% em oito anos — de 55%, em 2007, para 56% em 2015 — ainda assim, 44% da população afirma não ter hábito de leitura, segundo dados da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, realizada pelo Instituto Pró-Livro (IPL) em 2015 e divulgada em maio do ano passado.
Segundo Daniele, após a Fundação Cultural parar de divulgar a revista com todos os eventos que ocorriam na cidade, a dificuldade para divulgação da iniciativa aumentou. “A frequência é bem flutuante, mas normalmente tem três ou quatro pessoas”, complementa.

Outros clubes da leitura

Para crianças
Na Casa da Leitura Marcos Prado, no bairro Boqueirão, há um clube da leitura voltado para crianças. O mediador começou o projeto no início deste ano, com textos leves e curtos. Agora, os participantes estão lendo a obra A invenção de Hugo Cabret, do escritor Brian Selznick.
O grupo é fixo e criado mediante inscrição. As crianças entre 6 e 12 anos, já alfabetizadas, têm prioridade. No período da manhã o grupo tem 5 crianças e a tarde 11 crianças.
A inscrição deve ser realizada diretamente na casa. Os pais devem levar documento original com foto e comprovante de endereço.
A criança também pode fazer o empréstimo de livros. “O objetivo é fazer com que elas criem o hábito de leitura”, conta a analista administrativa da Casa, Franciele Gomes.
Os encontros acontecem toda terça-feira, das 9h às 11h e das 14h30 às 16h30.
Leia Mulheres
O clube da leitura Leia Mulheres nasceu inspirado no projeto #readwomen2014 (#leiamulheres2014), hashtag criado pela escritora britânica Joanna Walsh com o intuito de incentivar a leitura de escritoras mulheres. Um ano depois, em 2015, Juliana Gomes, de São José dos Pinhais, junto com as amigas Juliana Leuenroth e Michelle Henriques, decidiu transformar essa ideia em encontros presenciais em livrarias e espaços culturais.
O projeto já está presente em Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e do Sul, Rondônia, Roraima, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe e Tocantins. Aqui no Paraná, o Leia Mulheres promove encontros em Curitiba, sob a tutela da mediadora Emanuela Siqueira, Londrina, Maringá e Pato Branco.
O Leia Mulheres Curitiba tem um grupo no Facebook com mais de 700 participantes.

* * *

LEIA TAMBÉM: