Comportamento

Daniela Piva, especial para a Gazeta do Povo

Como minimizar ruídos de comunicação no relacionamento

Daniela Piva, especial para a Gazeta do Povo
09/11/2014 02:04
O amor parece eterno. No início, tende-se a acreditar, ingenuamente, que não existem problemas para quem acha que encontrou a alma gêmea. Mas a convivência é implacável, e muitas vezes o cotidiano impõe situações em que até o sujeito mais plácido pode se tornar intolerante, reclamão e ressentido.
Para Adriana Casado, psicóloga especialista em comportamento humano, a falta de atenção genuína, a carência excessiva, as críticas e cobranças frequentes são as condutas que mais afetam negativamente as relações amorosas. “Um olhar egocêntrico, onde o outro não aparece, ou frustrações projetadas no parceiro, por exemplo, geram decepção e insatisfação”, complementa a psicoterapeuta Talyta Begnini.
Discordâncias são normais e saudáveis, apontam as profissionais. Porém, os casais que não sabem conversar tendem a discutir, brigar e ofender. Além da falta de comunicação, existe a distorção do diálogo, que pode ser interpretado de acordo com o humor e o “filtro” de quem escuta. “São questões individuais que se localizam no desenvolvimento emocional, social e cognitivo”, explica Adriana.
Busca-se, com frequência, que o parceiro compreenda, sinta e reaja do mesmo modo que o interlocutor se comportaria em situação semelhante. Ou seja, a relação é pautada em um amor idealizado, segundo as psicólogas, acumulando desconfianças errôneas sobre as intenções do outro. “Nesses casos, é preciso ajustar as próprias expectativas, abandonando um ideal de par ou de amor”, expõe Talyta.
Sem consciência clara das diferenças entre um e outro, é mais difícil entender e se respeitar mutuamente. Para compreender melhor alguns problemas de comunicação, as psicólogas selecionaram três situações comuns nos relacionamentos amorosos, e dão conselhos para encará-las. Afinal, o amor pode até acabar – mas também pode recomeçar a qualquer minuto e em todos os lugares.
Razão X desaprovação
Personalidades muito diferentes, frequentemente, geram ruído na comunicação: um lado age como se estivesse com a razão, invalidando a opinião do outro; que, ressentido, transmite a mensagem de desaprovação, reforçando o sentimento de defesa do primeiro.
De acordo com Adriana, assumir que existiu a escolha por relacionar-se com uma pessoa de perfil e vivência distintos é primordial. “A partir dessa consciência, flexibilizar é essencial. Igualmente, identificar e valorizar as semelhanças que favorecem a relação, respeitando as verdades individuais de maneira assertiva”, explica.
É preciso ser honesto e aberto, mas sem discutir ou brigar. Segundo as psicólogas, muitas vezes o modo de falar fere mais do que o que é dito, e casais que reprimem os verdadeiros sentimentos para evitar conflitos tendem a perder o afeto com o passar do tempo.
Jogador 1 X jogador 2
Dentro de um relacionamento, o casal precisa ter desejos em comum. “Porém, cada um deve manter sua individualidade, hobbies, gostos e necessidades”, ressalta Talyta. É o caso da pelada ou do videogame para eles, e do bate-papo com as amigas ou das compras para elas, por exemplo. Para a psicoterapeuta, são dois momentos distintos. “Quando se trata da identidade do casal, é preciso estar atento de que no seu parceiro existe um ‘outro’, com história de vida, apropriações subjetivas das figuras parentais e aspirações diferentes das suas”, completa.
As especialistas afirmam que o equilíbrio é fundamental, pois a anulação da própria identidade, onde tudo é em função do outro, afasta os envolvidos e enfraquece o diálogo. Portanto, determinar um tempo para viver como um casal é indispensável, assim como respeitar o tempo particular. Deste modo, não há competição por atenção, a cumplicidade aumenta e os dois vencem.
Conversa X silêncio
Homens e mulheres lidam de maneiras diferentes quando estão estressados: elas precisam conversar sobre os problemas; eles, de silêncio para resolvê-los. “O homem, por consequência sociocultural, tende a expressar menos os sentimentos e prefere evitar a discussão”, enfatiza a psicoterapeuta Talyta.
O distanciamento entre o casal se inicia quando a mulher sente que é ignorada ou negligenciada. Ele, por sua vez, quando pensa que não é necessário revelar tanto, pois são elas que falam demais.
A solução para o primeiro caso, de acordo com a psicóloga Adriana, é escutar com boa vontade. “Escutar requer mais do que ouvir. É necessário, de fato, prestar atenção”. Para a segunda questão, Talyta recomenda que não haja pressão para que o homem fale: “Assim, ele se sentirá mais à vontade para se manifestar”, observa.

Dizem por aí…