Comportamento

Redação, com Dayane Saleh, especial para Gazeta do Povo

Conheça a “Síndrome de Otelo”, a doença do ciúme incontrolável

Redação, com Dayane Saleh, especial para Gazeta do Povo
30/03/2017 11:27
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Inspirada no personagem de Shakespeare, síndrome pode ter consequências desastrosas. Foto: Bigstock

Depois da britânica Debbi  Wood ter sido diagnosticado como uma curiosa síndrome, a patologia começou a chamar atenção do mundo. Ciúmes em excesso pode ser doença? Pode e também é conhecida como “Síndrome de Otelo”, a doença de Debbi.  Inspirada em Otelo, consagrada obra de William Shakespeare na qual o personagem principal, possuído por um ciúme doentio, mata sua esposa, Desdêmona, a síndrome tem como principal sintoma o delírio de que o parceiro (a) está sendo infiel.
No caso de Debbi Wood, o ciúme era tanto que ela obrigava o noivo a passar por um detector de mentiras quase que diariamente. Debbi concedeu uma série de entrevista sobre a síndrome e confessou que instalou programas no celular e no computador do companheiro para impedir que ele tenha acesso à pornografia ou mesmo fotos de outras mulheres. Além disso, ela contou que usava um detector de mentiras quando o noivo demorava mais do que o habitual para voltar para casa.
Debbi obrigava o noivo a passar por detector de mentirar se ele se afastasse por mais de 15 minutos. Foto: Reprodução.
Debbi obrigava o noivo a passar por detector de mentirar se ele se afastasse por mais de 15 minutos. Foto: Reprodução.
Essa ideia obsessiva, porém, não é natural e deve ser tratada, principalmente porque pode chegar a casos extremos. De acordo com a psicóloga Eloá Andreassa, o ciúme tem raiz na insegurança. Por não se considerar páreo aos outros, o ciumento cobra exclusividade. “Essa pessoa quer estar no centro da vida de quem deseja”, diz.
Para ela, nas relações românticas, o ciúme pode estar baseado nas ações do próprio indivíduo, que flerta com outros ou é infiel, nas ações do parceiro, que provoca e dá sinais de infidelidadeou na insegurança de quem sente. “O ciúme reverte em controle e daí começa a invasão do celular e das redes sociais do parceiro.  Se quem é o alvo do ciúmes é sincero, começa a se cansar, aí o relacionamento entra em crise”, exemplifica a psicóloga.
Ela afirma que o ciúme pode causar agressividade, tanto em casa, como em público. “A agressão verbal pode ser tão terrível quanto a física, mas a última é pior porque ela representa uma grande perda de controle”, explica. Ela afirma que depois de uma agressão física o relacionamento se torna tóxico, ainda mais se o agressor coloca a culpa no outro. “Se foi algo pontual, é possível retomar a relação com ajuda profissional. Mas se a violência se tornou rotineira, é hora de terminar este relacionamento”, completa.
Aos ciumentos, os psicólogos Valéria Centeville e Thiago de Almeida propõem um questionamento no artigo “Ciúme romântico e a sua relação com a violência“. “Uma maneira saudável de lidar com o ciúme é refletir sobre esse sentimento. A pergunta: ‘por que sinto que Fulano (a) é uma ameaça para o meu relacionamento?’ pode ser altamente reveladora. Se a pergunta for respondida com sinceridade, o ciumento irá descobrir seus pontos fracos, aspectos talvez primitivos de si mesmo que ele próprio desvaloriza, mas não conseguiu desenvolver”.
Assim, quem tem ciúme de forma exagerada pode buscar melhorar a auto-estima e não descontar suas inseguranças no outro, que tem chance de culminar na violência física. A psicóloga alerta que é importante buscar ajuda profissional quando a pessoa sentir que está um relacionamento com ciúmeem excesso.
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