Comportamento

Ricardo Sabbag Zipperer

Curitibano adere com facilidade à tecnologia; mas ainda mantém hábitos conservadores

Ricardo Sabbag Zipperer
27/11/2017 12:00
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Pesquisa inédita ouviu mais de 400 curitibanos para mostrar hábitos de consumo. Foto: Bigstock

O curitibano tem aderido com facilidade a serviços que unem tecnologia a praticidade, como streaming de vídeos pela internet e aplicativos de transporte, mas ainda é conservador quanto a alguns hábitos de compras: ele não deixa de frequentar supermercados e sair de casa para comprar roupas.
Essas são algumas das principais conclusões encontradas por uma pesquisa inédita que propôs avaliar o comportamento de compra do consumidor curitibano em setores da chamada nova economia, como comércio eletrônico, bancos virtuais, transportes alternativos e outras tendências.
A pesquisa, que ouviu 400 consumidores de 25 a 55 anos das classes ABC1, foi realizada pela ADVB-PR (Associação dos Dirigentes de Vendas do Brasil do Paraná) em parceria com a Diferencial Pesquisa de Mercado e a Soft Cine Produções.
Em se tratando deste novo mercado, a maior aderência do curitibano é a serviços como Netflix e Uber. De acordo com a pesquisa, 53,3% dos entrevistados são assinantes da Netflix e 31,7% usam aplicativos de transporte como Uber e Cabify. No caso do serviço de streaming, um dado adicional comprova como a aderência à modalidade tem sido rápida: entre os usuários da Netflix na cidade, 38,7% passaram a assisti-la há menos de um ano.
“Constatamos que modelos de negócios que utilizam a tecnologia para gerar uma maior facilidade de uso e um acesso mais em conta tendem a ser mais rapidamente aceitos pelos consumidores”, afirma o analista-chefe da Diferencial, Gustavo Bizelli. “Quando se olha a evolução por faixa etária, nota-se que temas como educação à distância e Netflix tendem a crescer rapidamente”, completa.
Não só a Netflix tem representado a transformação dos hábitos de consumo do audiovisual. Segundo a pesquisa, 42,8% dos curitibanos já assistiram ao vivo pela internet atrações como jogos de futebol, shows, premiações e outros eventos esportivos. “A Classe C mostra muita adesão, embora ligeiramente menor, a Uber, Netflix e eventos online, ou seja, ofertas que através da tecnologia tenham facilitado o acesso e gerado economia”, diz Bizelli.
A pesquisa também mostra que o consumo desse tipo de oferta tem ampliado a adesão a serviços tradicionais que têm migrado para a rede, como no caso dos bancos. Para 31,7% dos respondentes, ir ao banco pessoalmente ainda é a principal forma de resolver assuntos bancários. Mas, logo em seguida, 30,9% dos curitibanos tocam sua vida bancária por meio de aplicativos para smartphones. Dezessete por cento dos curitibanos também consideram “grande” ou “média” a chance de um dia abrirem uma conta em um banco totalmente virtual, as chamadas fintechs.
Compras online
O comércio eletrônico tem se tornado uma opção de consumo cada vez mais frequente para o curitibano, aponta a pesquisa. Os produtos campeões de preferência na modalidade são passagens aéreas (35% já compraram online), telefonia e informática (29%), eletrônicos (27%), tênis e materiais esportivos (26%) e reserva de estadia em hotéis (24%).
Por outro lado, compras de supermercado (3%) e de materiais de construção (2%) ainda estão longe de entrar na cartela de opções de comércio eletrônico para o curitibano. “Estas experiências são prazerosas e também pouco estruturadas, ou seja, ao se comprar no supermercado ou escolher roupas, nem sempre o planejamento é perfeito. Existe troca de produtos, experimentação, troca de marcas e ofertas”, explica Bizelli. No caso de materiais de construção, até o índice de rejeição à ideia de comprar online é alto: 41% dos respondentes afirmaram que não fariam esse tipo de compra pela internet.
EAD sobe, e-reader desce
Na avaliação dos promotores da pesquisa, o segmento apontado como “próxima Netflix” da nova economia é a Educação à Distância (EAD). Entre os curitibanos, 15% já fizeram algum tipo de curso educativo pela internet, seja profissionalizante, de graduação, de língua estrangeira ou afins. Entre os mais jovens, na faixa de 25 a 35 anos, 30% já experimentaram a modalidade. “A tecnologia está se movimentando de forma rápida, e um percentual significativo das pessoas demonstra não ter barreira para usar tais recursos”, analisa Bizelli.
Diferentemente do que poderia se supor, o índice de adesão ao EAD só não é tão bom na Classe C1, em que somente 12% declararam ter feito algum curso à distância, contra mais de 20% das classes AB. O resultado, diz Bizelli, é “surpreendente”, uma vez que “EAD é considerada uma ferramenta de universalização do acesso à educação, inclusive com menor preço”.
Mas ruim mesmo entre os curitibanos é a situação dos e-readers, os leitores eletrônicos de livros. Mesmo sendo um equipamento de alta tecnologia, apenas 3,3% dos curitibanos afirmaram possuir algum tipo deste gadget. Ou seja: nada de substituição de livros de papel em Curitiba tão cedo.
Para o presidente da ADVB-PR, Eduardo Jaime Martins, conhecer as preferências dos consumidores é muito importante para todos os profissionais, especialmente de vendas e marketing. “A pesquisa nos mostra onde estão as oportunidades de mudanças dentro dos respectivos segmentos. Além de apontar tendências, o levantamento mostra serviços que, apesar de ainda não estarem em grande uso da população, têm grande potencial e podem ser explorados de maneiras inovadoras”, afirma.
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