Comportamento

Redação, com informações da Agência Estado

Depressão não é “falta do que fazer”

Redação, com informações da Agência Estado
19/04/2017 13:31
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Mais de 300 milhões sofrem coma doença no mundo, segundo Organização Mundial da Saúde. Foto: Bigstock

Em época de discussão intensa – e necessária – sobre a depressão, é fundamental lembrar que a depressão é uma doença que demanda cuidados e tratamentos e não é “falta do que fazer”. Nos comentários de matérias divulgadas sobre o jogo Baleia Azul ou sobre a série Thirteen Reasons Why, por exemplo, muitas pessoas atribuem a doença à “frescura”, “falta de trabalho” ou até ausência dos pais. Não é bem assim. Muito longe disso, aliás.
Em 10 anos, entre 2005 e 2015, o número de pessoas que vivem com a depressão aumentou cerca de 18%, de acordo com dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O crescimento da doença a colocou em primeiro lugar de uma lista de condições que impactam negativamente a saúde mundial. Atualmente, a estimativa do órgão é que mais de 300 milhões de pessoas vivam com a depressão em todo o mundo.
Os números divulgados pela OMS no fim de março servem como um “chamado para todos os países repensarem as abordagens na saúde mental e para que as tratem com a urgência que elas merecem”, ressalta Margaret Chan, diretora-geral da OMS, em comunicado divulgado à imprensa pelo órgão.
Um dos primeiros passos sugeridos pela OMS para tratar a condição é cuidar com o preconceito e a discriminação, ambas ainda muito presentes entre quem está em tratamento. “Para quem vive com a depressão, conversar com pessoas que elas confiam é frequentemente o primeiro passo para o tratamento e a recuperação”, disse Shekhar Saxena, diretor do departamento de Saúde Mental e abuso de substâncias na instituição, durante o mesmo comunicado.
A OMS também pede que os países aumentem o investimento nos tratamentos e apoios que as pessoas em depressão precisam. Mesmo em países desenvolvidos, cerca de 50% das pessoas em depressão não recebem o tratamento adequado. Em média, apenas 3% do orçamento governamental é destinado a doenças mentais, variando de 1% em países em desenvolvimento a 5% em países desenvolvidos, segundo dados divulgados pelo órgão.
Em um artigo divulgado em 2016 pela revista Epidemiologia e Serviços de Saúde, Denise Razzouk, médica psiquiatra, pesquisadora e professora da Unifesp, fez um levantamento dos custos do tratamento da depressão, por pessoa, no Brasil.
“Como resultado, o custo anual do pacote proposto – sem considerar exames, aumentos de doses e do número de sessões – seria de R$65 para os casos leves e de aproximadamente R$502 para os casos moderados e graves, por pessoa. Considerando-se que a prevalência e o burden causado pela depressão sejam iguais ou superiores aos do diabetes, o custo mínimo do pacote de tratamento para depressão não difere muito do pacote proposto para o diabetes: o custo do comprimido da metformina 850mg pra diabetes no BPS/MS foi de R$0,20″, explica a médica em um dos parágrafos do artigo.

Cada US$ 1 investido no tratamento para a depressão e ansiedade há um retorno econômico de US$ 4, segundo a OMS.

Depressão e os riscos que a doença traz agora são identificados pela OMS
A pessoa em depressão corre riscos de desenvolver outras doenças e o contrário também vale: outras condições também podem levar à depressão, diz a OMS. Das listas de doenças e condições correlacionadas à depressão, abaixo estão as principais:
– Vício em uso de substâncias;
– Diabetes;
– Doenças cardíacas;
– Suicídio;

Depressão é uma doença mental comum, caracterizada pela tristeza persistente e perda de interesse em atividades que pessoas normalmente apreciam, acompanhada de inabilidade de fazer atividades diárias, durante 14 dias ou mais, define a OMS.

Como identificar?
Pessoas com depressão normalmente apresentam alguns sinais característicos, como os seguintes, listados pela OMS:
– Perda de energia;
– Mudança de apetite;
– Mudança no padrão do sono, dormindo muito mais ou muito menos que antes;
– Ansiedade;
– Perda de concentração;
– Indecisão constante;
– Inquietação;
– Sentimento de inutilidade;
– Culpa;
– Pensamentos de auto-mutilação e suicídio.
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