Comportamento

Júlia Rohden, especial para Gazeta do Povo

Após 60 dias internada, menina de 5 anos ganha exposição surpresa em hospital

Júlia Rohden, especial para Gazeta do Povo
06/06/2017 18:57
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Exposição surpresa emocionou a todos na recepção do Hospital Nossa Senhora das Graças. (Foto: Hugo Harada/Gazeta do Povo)

Flavia Regina Aquino Sviech levou um “susto”  quando viu seus desenhos expostos na recepção do Hospital Nossa Senhora das Graças, em Curitiba. Após 60 dias internada para uma cirurgia neurológica, a menina de 5 anos recebeu alta na tarde desta terça-feira (6) e foi surpreendida pela equipe do hospital, que selecionou 40 dos cerca de 100 desenhos feitos por ela durante o período de internação. Pintadas com aquarela, giz de cera, lápis e canetinhas, as folhas mostravam flores, joaninhas, pássaros e outras figuras coloridas retratadas pela menina.

Pai de Flavia, o músico Adriano Sviech, conta que a filha desenha desde muito pequena. Em casa a família coleciona cerca de dois mil desenhos feitos por ela. A mãe, Noelle Aquino, é artista plástica e estimula Flavia e seus três irmãos a desenharem e pintarem com diversos materiais. “É algo natural, a Flavia é muito vinculada à arte e a primeira coisa que nos pediu quando saiu da UTI foi para desenhar”, diz Sviech.
Flavia diz que o que mais gosta de retratar são “bichinhos”, porque tem muitos em sua casa. No hospital, a mãe teve a ideia de pendurar as folhas coloridas em um varal improvisado no quarto, como é feito em casa. “Desenhar ajudou ela a ficar bem. Ela até me disse que está feliz de ir pra casa, mas não ficaria triste de ficar mais uns dias no hospital”, conta.
Desenhar ajuda a lembrar sem sofrer
O psicólogo do Nossa Senhora das Graças, José Palcoski, afirma que o desenho permite a criança elaborar uma experiência, voltando para casa sem a carga emocional de ter passado pela internação. “É uma forma de expressar o que está vivenciando sem criar traumas. Será uma história que vai contar sem dor”, afirmou. O psicólogo destaca que não significa que a criança irá esquecer o que aconteceu, mas que não irá sofrer com a lembrança.
Durante a internação, a nutricionista Maria Inez Fuentes propôs uma brincadeira para Flavia: o que ela desenhasse no papel viria representado no prato do almoço e do jantar. “São muitos dias para uma criança ficar em um quarto. Por isso, nós tentamos criar alternativas positivas para ela não lembrar só das agulhas e medicamentos”, comenta.
A profissional usa essa brincadeira com outras crianças no hospital há cerca de três anos e conta que os resultados são muito positivos, fazendo os pequenos se alimentarem melhor e terem dias mais animados.

Momentos difíceis
O pai Adriano Sviech lembra que foi difícil o período de internação porque não esperavam que a filha passaria tanto tempo no hospital. Os problemas de Flavia começaram como uma gripe comum, que evoluiu para sinusite. Em um dia de febre, a menina teve convulsão e os pais a levaram para o hospital.
A coordenadora de pediatria, Lisia Weingaertner, conta que a equipe médica descobriu uma complicação da sinusite por meio de uma ressonância magnética. Flavia estava com líquidos na membrana que envolve o cérebro. A menina foi submetida a uma neurocirurgia, passou uma semana na UTI e outras seis fazendo tratamento dentro do hospital. O pai conta que tiveram que perfurar o crânio da criança porque tinha 150 gramas de pus.
Futuro
Depois das férias de julho, Flavia irá voltar para a escola e continuar com as consultas com os neurologistas do hospital. Ela volta para casa sem sequelas e com a experiência de ter feito sua primeira exposição.

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