• Carregando...
Didi Caillet, a melindrosa do Paraná
| Foto: Gazeta

Quando perguntamos o que Didi tinha de tão especial, as respostas de quem a conheceu parecem não ter fim. Ela era bonita, culta e fazia parte da elite curitibana. Filha de uma italiana com um francês, era a mais bonita entre as três irmãs, falava vários idiomas e tinha um carisma incomum. Didi foi a primeira mulher a gravar um disco de poesia no Brasil e não se tem registro de quantas músicas foram compostas em sua homenagem.

Quando o Rio de Janeiro ainda era a capital do país, ela ajudou o Paraná a ser reconhecido como um estado emergente, conta o psicanalista Paulo Soares Koehler, pesquisador da história da Miss Paraná. “Ela promoveu a imagem do estado, que era considerado um sítio, uma extensão de São Paulo”, diz. Didi era a preferida para o título de Miss Brasil e, quando anunciaram a filha do dono do jornal patrocinador do evento como vencedora, um dia depois do previsto, houve tumulto e confusão. “O público não se conformou. Houve um momento em que todos ficaram pasmos e sem reação, e a Didi é quem teve a iniciativa de pegar a faixa e coroar a primeira colocada. Isso foi mais uma prova de sua nobreza”, afirma Paulo.

Em Curitiba, Didi era a personalidade ideal para promover artigos de luxo – fossem carros, perfumes ou tecidos finos – e sabia alimentar sua imagem na mídia, participando de eventos da alta-sociedade ou lançando argumentos sobre assuntos polêmicos, como o voto feminino. Na moda, também teve papel significativo. Até então, ou se usava cabelo longo, ou curtinho. O cabelo dela era de cumprimento médio e serviu de modelo para muitas jovens.

Além de frequentar as conversas masculinas sobre política e economia, Didi também se destacava por desfilar pelas ruas em sua “baratinha”, um carro importado da Nash que havia ganhado do pai, numa época em que era incomum mulheres dirigirem.

•••

“Uma amiga, muito querida, lendo o meu livro de pensamentos, disse: ‘Você é muito sonhadora. Escreve como uma eterna adolescente’. Adolescente, eu?

Pensei, pensei muito e compreendi que você, minha querida, tem razão!

Eu sonho demais. No nosso caminho temos pedaços sombrios, pela chuva que caiu… outros cheios de sol e calor… Eu não quero pensar nos momentos escuros, eu não quero sentir a garoa sobre mim. Desejo o sol iluminando a minha vida. Eu não pretendo recordar tempestades. Eu gosto do meu pensamento e do meu coração. Todos os “quadros” que enfeiam a vida… as amarguras… os dissabores meus e de todos no mundo, ficam do lado de lá… bem longe!

No meu caminho eu só quero e só vejo flores, pássaros, estrelas, alegria e risos… Eu sou assim!…”

Trecho do livro Eu Sou Assim, escrito por Didi Caillet em 1981.

•••

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]