Comportamento

Rodrigo Batista, especial para a Gazeta do Povo

Mais antiga de Curitiba, escola de samba Embaixadores da Alegria celebra 70 anos

Rodrigo Batista, especial para a Gazeta do Povo
10/02/2018 07:00
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Ronald Salvatore, presidente e carnavalesco da Embaixadores da Alegria. Foto: Marcelo Andrade / Gazeta do Povo.

Vermelha, azul e branca são cores conhecidas da população do bairro Santa Quitéria. Os batuques já fazem parte dos arredores do bairro. Completando 70 anos neste mês de fevereiro de 2018, a Associação Cultural Carnavalesca Embaixadores da Alegria é, atualmente, a mais antiga escola de samba em atividade em Curitiba. E como toda curitibana, a agremiação preza pela tradição e fortalecimento das raízes.
A escola de samba nasceu como um bloco carnavalesco no centro de capital paranaense, conforme conta o atual presidente da agremiação, Ronaldo Martins. Inicialmente o bloco se chamava Cevadinhas do Amor e foi fundado por pessoas da elite curitibana que pertenciam ao Clube Thalia.
Saphira Molina (Madrinha da Bateria), Cristiane Magalhães (Rainha da Bateria) e Simone (Rainha da Escola). Foto: Marcelo Andrade / Gazeta do Povo.
Saphira Molina (Madrinha da Bateria), Cristiane Magalhães (Rainha da Bateria) e Simone (Rainha da Escola). Foto: Marcelo Andrade / Gazeta do Povo.

Primeiros passos

A partir da criação, o bloco passou a participar de desfiles e a disputar com blocos de outros bairros quem era o melhor da cidade. “Naquela época já existia um concurso com premiação de melhores blocos, o que incentivou muita gente a participar do carnaval, porque, naquela época, ninguém era muito ligado ao carnaval de Curitiba”, diz o presidente da Embaixadores da Alegria.
Nos primeiros desfiles como bloco Cevadinhas do Amor, o grupo levava para a avenida fantasias e temas que faziam referência ao nome do bloco: cervejas e outros tipos de bebidas. “Em um dos anos, eles saíram no carnaval vestidos de pinguim, em uma representação à Antártica, que, naquela época, patrocinava o Cevadinhas do Amor”, conta Martins.
Ensaio geral da escola, que se prepara para o Carnaval 2018. Foto: Marcelo Andrade / Gazeta do Povo.
Ensaio geral da escola, que se prepara para o Carnaval 2018. Foto: Marcelo Andrade / Gazeta do Povo.
O sucesso veio rápido. Logo nos sete primeiros anos de atividade como bloco, o grupo cresceu e tornou-se uma escola de samba, devido ao número de pessoas que passou a integrar a agremiação. Isso porque um bloco precisa ter, no mínimo 80 pessoas, e, para ser considerado escola de samba, são necessários 150 componentes, conforme explica o presidente da escola.

Origem do nome

O nome da escola e o símbolo mostram a ligação do grupo com sua raiz. “O nome embaixadores veio por serem [os criadores] pessoas da elite, de bom porte, por serem magnatas daquela época e que fundaram a escola de samba”, explica o presidente. O logotipo é formado por luvas, por cartola e uma batuta, o que também remete a sua criação por pessoas que frequentavam a alta sociedade curitibana na década de 1940.
Zumbi, que desfila pela escola há 40 anos. Foto: Marcelo Andrade / Gazeta do Povo.
Zumbi, que desfila pela escola há 40 anos. Foto: Marcelo Andrade / Gazeta do Povo.
E as cores da escola curitibana tem relação com uma das agremiações mais tradicionais do Rio de Janeiro: a Acadêmicos do Salgueiro, que, segundo o presidente, apadrinha a Embaixadores da Alegria. A coincidência das datas de desfile impossibilita a participação da escola curitibana no carnaval cariosa. Mesmo assim, o grupo da capital paranaense se organiza para visitar, sempre que possível, a escola do Rio de Janeiro.

Tradição

Na Embaixadores da Alegria, os integrantes buscam preservar os laços com o bairro Santa Quitéria. Apesar de terem nascido no centro de capital paranaense e desde novembro de 2017 terem transferido sua quadra de ensaios para o bairro Cidade Industrial de Curitiba, o presidente garante que os laços permanecem preservados. A proximidade com o bairro facilita para que a ligação com os moradores continue forte.
“São 60 anos dentro do bairro Santa Quitéria e essa tradição a gente não quer perder. As pessoas do bairro vestem a camisa. No ateliê da escola as pessoas estão todos os dias, perto do Carnaval, virando a noite para montar os carros e deixar tudo pronto. É um comprometimento que se iguala às pessoas de Curitiba, de permanecer com os mesmos laços.
Mestre Brinco prepara sua bateria para o desfile deste ano. Foto: Marcelo Andrade / Gazeta do Povo.
Mestre Brinco prepara sua bateria para o desfile deste ano. Foto: Marcelo Andrade / Gazeta do Povo.

Comemoração

Em seus 70 anos, foram nove títulos de campeã do carnaval curitibano – o último em 2007. Para quebrar o jejum de mais de dez anos, a escola se empenhou para, além de homenagear os seus 70 anos, trazer para a avenida grandes nomes da música dentro do enredo “O céu se abre para cantar: Embaixadores, como é grande o meu amor por você”.
“Vamos trazer para a avenida nomes de cantores como Elis Regina, Clara Nunes, Chiquinha Gonzaga e Cartola, como se essas pessoas descessem do céu para homenagear a embaixadores”, explica o presidente, que também é carnavalesco do grupo.
Patrick Cordeiro, mestre-sala da agremiação, ajuda na ornamentação das fantasias. Foto: Marcelo Andrade / Gazeta do Povo.
Patrick Cordeiro, mestre-sala da agremiação, ajuda na ornamentação das fantasias. Foto: Marcelo Andrade / Gazeta do Povo.
Em 2018, a agremiação vai desfilar com aproximadamente 700 componentes. Mas as vagas ainda estão abertas para novos membros. Aqueles que têm curiosidade em conhecer a escola e desfilar no carnaval deste ano, a Embaixadores da Alegria ainda possui fantasias disponíveis até a última quinta-feira antes do carnaval. A quadra da escola de samba fica na Rua Marquês de Barbacena, 288, na Cidade Industrial.
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