Comportamento

Sandro Moser

Famílias aproveitam último fim de semana do verão perto da natureza

Sandro Moser
17/03/2018 14:10
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As irmãs Fernanda e Alessandra Del Negro estavam à vontade nos brinquedos. Foto: Sandro Moser/Gazeta do Povo.

Quem é de Curitiba conhece uma das espécies mais frequentes da nossa fauna urbana: aquele menino ou menina que mora em apartamento, não passa sem creme de avelã, nem se sente muito à vontade em brincadeiras ao ar livre.
Trata-se do famoso ‘piá de prédio’ que é tema frequente de piadas curitibanas e até usado como ofensa política em campanhas eleitorais.
Uma injustiça, pois os pequenos moradores de condomínio não cometem crime algum, apenas vivem de acordo com os costumes e restrições deste tempo, quando as ruas das cidades parecem proibidas para brincadeiras.
Porém, há na cidade alguns respiros verdes para tirar as crianças de cima do videogame.
O melhor exemplo talvez seja o Bosque Reinhard Maack uma área de área de 78 mil m², coberta de “capões” com vegetação original de Curitiba, como araucárias e aroeiras gigantes e outras espécies vegetais.
O bosque tem uma pista de terra de 820 metros em meio à vegetação e nela se espalham 16 brinquedos “raiz”, construídos em madeira, como um gongo que se toca após subir uma escada de cordas, ou uma tirolesa em que se atravessa o percurso dentro de um pneu. Há ainda gangorras, muralhas de troncos para serem escaladas, além de escorregadores e túneis.
Foi no bosque que muitas famílias resolveram passar o último fim de semana do verão. As irmãs Fernanda e Alessandra Del Negro, que moram em São José dos Pinhais, conheceram o bosque pela primeira vez e se mostraram bem confortáveis nas brincadeiras na natureza. Os pais Eliane e Luciano disseram que tem intenção de voltar. “A gente não conhecia e curtiu muito de ver que tem uma natureza tão preservada aqui”.
O casal Mauricio Grabovski e Natalina Marques contam que sempre levam o pequeno Gabriel para “gastar energia no parque”. “Este bosque é show de bola. Ideal para entreter as crianças”, disse Maurício.
O português radicado em Curitiba José Pereira Ramos e sua esposa Zulma que moram na vizinhança estavam com os filhos e os netos desfrutando do bosque. O filho Diego lembrou que frequentava o parque desde criança – com a idade que seus filhos tem hoje.  “O bosque passou um tempo meio abandonado e há alguns meses deram uma arrumada nos equipamentos”
Foto: Sandro Moser/Gazeta do Povo
Foto: Sandro Moser/Gazeta do Povo
Inaugurado em 1989 e passou por uma reforma que foi entregue no último mês de agosto. A área pertenceu – como toda a área do bairro – à família Hauer por mais de 100 anos (e foi doada por Alfredo Hauer).
Reinhard Maack, que dá nome ao bosque um aventureiro alemão que veio para o Brasil em 1923 para trabalhar na Companhia de Mineração e Colonização do Paraná. Era cartógrafo, geógrafo, paleontólogo, engenheiro de minas, geólogo e professor da UFPR. Foi primeiro a medir o Pico do Paraná.

E o verão?

Logo cedo integrantes dos grupos escoteiros Pindorama – que tem sua sede no bosque – e Quadrangular Josué como de costume, saíram em caminhada limpar as trilhas do bosque. Nas tardes de sábado, os caminhos na mata recebem dezenas de jovens para práticas de atividades escoteiras e de educação ambiental.
Já o verão em Curitiba termina como começou: com o céu cinza, ameaça de chuva e indefinição na temperatura. Flavia Cruz trabalha há 20 anos na barraca de caldo de cana que herdou do avô João na entrada do Parque. Ela diz que sentiu na pele o resultado do verão atípico. “O que atrapalha mesmo é a chuva. Acaba com a procura, pois o pessoal vai embora correndo”.
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