Feira de moda plus size debate os problemas de encontrar a roupa certa

“Toda gorda pode ser mara. Toda mulher é mara”. Essa frase da cantora Michele Mara foi o “mantra” que se ouviu neste sábado, dia 5, durante o Plus Festival, primeira feira de moda plus size realizada em Curitiba, no Clube D. Pedro II. O evento reuniu marcas especializada em tamanhos maiores, com venda e desfile de roupas, além de palestras.

E o que seu viu nas araras foi muita cor e alegria. Roupas com estampas fortes, modelagens modernas, tecidos inovadores, biquínis ousados, lingerie sedutora. A ideia foi justamente trazer o melhor do segmento plus size. A organizadora, Bianca “Bee” Reis, tem uma marca há um ano e meio. “Eu sou esse público alvo e sentia falta de lingeries”, conta. Ela é de Curitiba, mas vai quatro vezes por ano para São Paulo para o evento Pop Plus (uma das maiorias feiras de moda e cultura plus size do Brasil). “Eu já conhecia algumas marcas”, conta. Diante do sucesso dessa edição do festival, ela já planeja outra para abril.

Michele Mara aproveitou o festival para lançar uma coleção de roupas. Ela conta que a ideia surgiu pela falta de opções de roupas em tamanhos maiores. A cantora chegou a costurar a própria roupa porque não encontrava o que queria, principalmente depois que se tornou cantora (ela venceu o concurso Maior Imitadora da América Latina, promovido pelo Domingão do Faustão). “Eu fui me acostumando a ser gorda, mas muitas não se aceitam. Além disso, só encontramos roupas de vó”, resume. A sua nova coleção, África Mara, inclui acessórios, tecidos e roupas com estampas nigerianas.

A arquiteta Marissa Malanski Magalhães, 25 anos, adorou o fato de ter tantas marcas reunidas em só lugar (no total foram 21). “Geralmente, não se vê coisas novas, são roupas para pessoas mais velhas”, diz. Ela, que sempre foi plus, revela que o período mais problemático foi a adolescência.

LEIA MAIS
>>> Obesidade não é sinônimo de sedentarismo

>>> Documentários para fazer pensar em bem estar

>>> Veja como os pais podem evitar o bullying

Uma das pessoas que contribuiu para o sucesso da feira foi Adriana Tavares da Silva, 37, gerente de projetos de Informática. “Fiquei bem feliz que Curitiba recebeu esse evento. Temos muita dificuldade em encontrar roupas bacanas, estilosas. Geralmente são cores feias, estampas feias”, resume. Ela conta que a maturidade trouxe a aceitação do corpo. “Você começa a ver que não vale a pena, o que vale é o que a gente pensa. O preconceito existe. O que muda é a maneira como você enfrenta, se posiciona”, diz.

Alguém que se posiciona é a blogueira Dani Barbie Plus, do blog Moda e Magia. Vestindo 54, ela privilegia a cor rosa e roupas joviais. “Eu sempre gostei de coisas diferentes e sempre fui gorda. Mas, aos poucos fui me aceitando. Ter feito dança me ajudou muito”, conta. “Vamos nos amar porque a vida é curta demais”, disse.

Bruna Scremin, 27, diz que escrever o blog Um palpite ajudou a encontrar muitas possibilidades na moda. “Sempre que alguém vê uma gorda já pensa que ela não é vaidosa e tem depressão. Mas, não é isso. Você veste o que acha. E muitas vezes não é o que gosta e aí não quer mais sair, se arrumar”, afirma. Ela diz que hoje está mais fácil encontrar roupas em grandes tamanhos, mas não todos juntos como o Plus Festival.