Comportamento

Redação, colaborou Matheus Nascimento

Feira na Praça 29 de Março reúne comida, histórias e antigas amizades

Redação, colaborou Matheus Nascimento
27/08/2017 12:40
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Feira da Praça 29 de Março é tradição e reúne até quem não mora próximo. Foto: Gazeta do Povo

Todos os domingos, a Praça 29 de Março  reúne centenas de pessoas na tradicional feira do bairro Mercês. Nas barracas da feira, que ocorre todos os domingos das 8h às 12h30, compra-se de tudo, mas também é possível encontrar amizade e muita prosa.  As barracas de frutas, verduras e legumes, queijos e carnes defumadas e até roupas e utensílios para casa dividem espaço com a tradicional e disputada barraca de pastel. Mas, mais do que produtos, as barracas oferecem curiosas histórias da origem de cada feirante.
Na barraca de frutas que divide com o marido, Benedito da Silva, dona Lindamir da Silva é uma veterana do local: de seus 65 anos de idade, trabalha na 29 de Março há pelo menos 42 – ou mais de 2 mil semanas. Foi levada para a feira por Benedito, que já trabalhava por ali, em uma época em que as barracas eram mais simples, de madeira, e a feira acontecia de segunda a sábado. Os domingos se tornaram o dia da feira há cerca de duas décadas.
A familiaridade com os frequentadores é tanta que Lindamir diz que conhece gerações de pessoas das mesmas famílias. “Tenho bisnetos aqui na feira”, brinca ela. Enquanto ela conversava com o Viver Bem, recebeu um convite para o aniversário do filho pequeno de um casal de clientes que, segundo ela, compra das suas frutas há cerca de cinco anos, desde antes de a criança nascer.
Tradição 
Algumas barracas antigas passaram de pai para filho. Dona Roseli Dalva Paulino, por exemplo, comanda com os dois filhos, Everton e Flávia, a venda de queijos e defumados iniciada pelo marido, que já morreu. Ela trabalha na barraca há 37 anos, desde que se casou. A família de feirantes continua a tradição. Os filhos escolheram continuar no mesmo trabalho dos pais mesmo antes de o pai falecer. Assim como dona Lindamir e seu Benedito, dona Dalva tem amizade com vários frequentadores. “Tem alguns que vêm aqui desde que começamos”, conta ela.
Mas também há representantes da nova guarda. Joyde Jacomini vende almofadas utilizadas em ioga e correção de postura, além de tapetes e porta-tapetes que ela mesma faz, e começou na feira em março. “Eu sou uma artesã independente, e precisava de um ponto fixo. Estou aumentando a visibilidade aos pouquinhos”, diz ela. E os compradores são de todas as idades. “Várias senhorinhas passam aqui, dizem que fazem ioga e acabam comprando”, conta Joyde.
Joyde e Teca. Foto: Gazeta do Povo
Joyde e Teca. Foto: Gazeta do Povo
Outra pessoa que foi levada à feira pelo próprio artesanato é a representante da feira (que responde junto à prefeitura sobre as demandas dos feirantes), Estela Maris Alves, conhecida no local como Teca. Ela é investigadora da Polícia Civil e, no trabalho, fazia artesanato com presos por crimes relacionados a drogas. Quando encontrou oportunidade de mostrar seu trabalho na feira, agarrou logo.
Ela começou a fazer roupas e camas para animais de estimação quando percebeu que deixava a barraca sozinha para brincar com os cães que são levados à praça pelos donos, e pensou em trazer os bichos para mais perto. Atualmente, Teca divide a rotina entre “dona de casa, mãe, policial, os cães e como feirante”. Carioca de nascimento, morou em outros países, como Israel e Uruguai, e se fixou de vez em Curitiba quando passou no concurso da polícia.
Frequentadores
Entre os frequentadores, famílias inteiras, casais, pessoas sozinhas e muitos bichos de estimação. Todo mundo querendo passear, comprar comida fresca, comer um pastel frito na hora ou tudo isso junto. E muitas pessoas vêm de outros bairros, como Vera Lúcia Pereira, que mora no Campo Comprido, e estava comendo pastel de feira com a mãe. “A gente compra queijo, come um pastelzinho, toma um café. É difícil o domingo que a gente não vem”, comenta ela.
O casal vem de bairros distantes para curtir a feira. Foto: Gazeta do Povo
O casal vem de bairros distantes para curtir a feira. Foto: Gazeta do Povo
Ricardo Fagundes e Taijih Sardeli também vão à feira todos os fins de semana. “Tem pessoas caminhando, gente comendo, solzinho gostoso”, conta Ricardo, que foi apresentado à feira pela namorada. Os dois moram em outros bairros – ela no Guabirotuba e ele no Centro Cívico -, mas vão até o local pela comida e também pelas compras. “Quando a gente faz almoço no domingo, vem aqui e compra os ingredientes”, diz Taijih. Os dois, que comiam pastel de carne com molho, comemoravam neste domingo um ano de namoro.
Serviço:
Feira da Praça 29 de Março, todos os domingos, das 8h às 12h30.
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