Comportamento

Carolina Werneck

Flores aos que já se foram: “é como se eu estivesse dando um beijinho na minha mãe”

Carolina Werneck
02/11/2017 14:03
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Iara escolheu o beijinho para prestar homenagem à mãe. Foto: Carolina Werneck/Gazeta do Povo

Todos os anos, no dia de Finados, Iara Carvalho vai até o Cemitério Municipal São Francisco de Paula, em Curitiba para levar flores à sua mãe. Nesta quinta-feira (2), ela carregava algumas mudas de beijinho cor-de-rosa, além de vasinhos com mini-margaridas.
“Eu escolhi o beijinho porque é como se eu estivesse dando um beijinho na minha mãe. Também porque é uma flor plantada, então eu tenho muita esperança de que, se eu plantar, ele vá em frente e deixe muito bonito o lugar em que ela está”, conta, sorrindo.
Ela explica que gosta de seguir uma espécie de roteiro quando visita o cemitério. Assim que chega, cruza a principal ruela do lugar até a Cruz das Almas, para prestar homenagem aos que já se foram e não têm família. Só depois pega a direção do lugar em que estão enterrados, além de sua mãe, seus bisavós.
“Minha mãe foi uma das pessoas mais poderosas da vida. Uma mulher forte, muito sábia, que nos deixou principalmente uma saudade, mas uma alegria imensa.”
Em família
Visitar os jazigos de parentes queridos também é costume na família Rocha. Levando nos braços um vasinho de calanchoê, ou flor-da-fortuna, a pequena Maria Eduarda Rocha, de nove anos, ajudava a mãe, Lorena, e a avó, Léa, a deixar mais bonito o local em que estão alguns familiares. A menina elogia as flores escolhidas pela avó. “Elas são muito cheirosas.”
Lorena, à esquerda, com a mãe, Léa, e a filha, Maria Eduarda: homenagem em família. Foto: Carolina Werneck/Gazeta do Povo
Lorena, à esquerda, com a mãe, Léa, e a filha, Maria Eduarda: homenagem em família. Foto: Carolina Werneck/Gazeta do Povo
É Lorena quem detalha uma pequena parte de seu relacionamento com o avô, pai de Léa. “Meu avô viajava com a gente direto, eram muitas festas, ele gostava de sair e de passear e estava sempre, sempre com a gente.”
Colhidas no quintal
Monica Trevizan explica que colheu em sua própria casa os grandes ramalhetes de azaleias brancas e agapantos roxos que trazia nos braços. Ambos serão colocados onde estão enterrados seu marido e seus avós. “Eu escolhi essas porque eu tenho muitas delas em casa. Vão ficar bonitas aqui”, opina.
Os ramalhetes que Monica trouxe de casa especialmente para o dia de finados. Foto: Carolina Werneck/Gazeta do Povo
Os ramalhetes que Monica trouxe de casa especialmente para o dia de finados. Foto: Carolina Werneck/Gazeta do Povo
Flores para todos os gostos
Há mais de 30 anos, a família de Antonio Pereira da Silva tem uma floricultura em frente ao cemitério. Ele afirma que, em dia de Finados, as flores mais compradas ainda são os crisântemos.
“As pessoas gostam porque são plantados, duram mais. Mas elas também levam flor de corte [margaridas, por exemplo] para colocar nas jardineiras dos túmulos.”
Ele comemora o dia de sol, já que no ano passado o feriado foi de chuva e “deu prejuízo”. Silva espera vender entre quatro e cinco mil plantas só nesta quinta-feira.
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