Comportamento

Katia Michelle

Depois de vencer o câncer, marceneiro vira “homem de ferro” em Curitiba

Katia Michelle
15/05/2017 09:08
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Roupa levou um ano para ser construída. Foto: arquivo pessoal

Depois de ficar internado para tratar de um câncer, Edson José da Silva, de 43 anos, decidiu pensar em um projeto para trabalhar como voluntário em creches e hospitais. Após muita pesquisa, resolveu ser o próprio “Homem de Ferro”. Ele construiu, sozinho, uma roupa do super-herói extremamente real. O projeto levou um ano para ficar pronto e teve a base feita somente de papel. “Foram cerca de 400 folhas de papel sulfite A4 que resultaram em 5 mil peças recortadas”, conta o curitibano.
Marceneiro de profissão, ele revela que nunca tinha feito nada parecido antes e a motivação surgiu do desejo de levar alegria a pacientes internados. “Tem muita gente que faz trabalho voluntário levando o conforto da palavra ou coisas materiais. Eu queria alegrar as pessoas”, diz comentando que durante a sua internação para tratar um câncer no estômago, há seis anos, no Hospital Erasto Gaertner, em Curitiba, viu de perto como qualquer ajuda pode transformar vidas.
Fã do Homem de Ferro, Edson não costuma mostrar o rosto em aparições públicas quando está com a armadura, para dar mais veracidade ao personagem. Foto: Arquivo pessoal.
Fã do Homem de Ferro, Edson não costuma mostrar o rosto em aparições públicas quando está com a armadura, para dar mais veracidade ao personagem. Foto: Arquivo pessoal.
Fã do Homem de Ferro, Edson escolheu o personagem justamente por ser um super-herói “diferente”. A roupa ficou tão parecida com a do filme que as crianças acham que estão vendo o próprio Homem de Ferro e se emocionam. Edson conta que a reação está sendo mais emocionante do que imaginou. “É muito gratificante ver a reação das crianças e até os adultos. Eu até procuro não mostrar meu rosto para elas pensarem realmente que estão diante de um super-herói”.
Determinação
E alguém duvida que está? Edson levou um ano para terminar o projeto. Teve que refazer várias partes muitas vezes, mas nunca pensou em desistir. A base leva dobradura de papel – cerca de 5 mil peças recortadas –  e depois foi coberta com resina, fibra de vidro e pintura automotiva. A armadura também tem projeto eletrônico. “Tive que aprender a fazer porque não tinha nem ideia de como funcionava isso”, lembra o marceneiro. Ele registrou, em vídeo, todo o processo de construção.
VEJA O VÍDEO COM O PROCESSO DE CONSTRUÇÃO
Para tornar o projeto real, ele também contou com a ajuda da mulher, Mariane da Silva, que cortou e dobrou muito papel durante a madrugada e folga do trabalho. O resultado é que, assim como no filme, as mãos “acendem”, os olhos brilham, e o reator que fica no peito da armadura também se ilumina, tudo para que o figurino possa parecer ainda mais real.
Ele passou um ano debruçado no projeto e gastou cerca de R$ 2 mil. “Eu não podia gastar muito por falta de condições financeiras, mas os materiais que usei eram muito baratos. Usei cano de PVC e muitos dos Leds tirei de brinquedos estragados”, conta. Pintar a armadura foi uma das partes mais difíceis do projeto. “Improvisei uma cabine de pintura de plásticos. Então eu me fechava dentro para o pó não sair até pra não prejudicar meus filhos. Eu derretia de calor mas não tinha outro jeito”, lembra.
A primeira aparição do super-herói foi no aniversário dos filhos de Edson, o casal de gêmeos Natália e Felipe, de 4 anos. Depois disso, desde que a roupa ficou pronta, há um mês, o “homem de ferro” curitibano já fez aparições em creches e hospitais e sempre se emociona com a reação das pessoas. “Quando eu vejo as pessoas se emocionarem, percebo que todo meu esforço valeu a pena”, enfatiza.
"A reação das crianças e adultos está sendo mais emocionante do que eu esperava", diz o "Homem de Ferro. Foto: arquivo pessoal
"A reação das crianças e adultos está sendo mais emocionante do que eu esperava", diz o "Homem de Ferro. Foto: arquivo pessoal
O personagem “Homem de Ferro” (Iron Man) foi criado na década de 1960 pelo escritor Stan Lee e já teve várias versões de animação e cinema. A história é a de um homem “real”, que usa a armadura de alta tecnologia para combater o crime. “Eu sonhava com as reações das crianças ao verem o homem de ferro tão pertinho assim e realmente está sendo além do que eu esperava”, emociona-se Edson.
O objetivo era trabalhar unicamente como voluntário, mas ele já atendeu alguns pedidos para aparecer em eventos particulares e decidiu aceitar para contribuir com o orçamento da família. O valor para esse tipo de serviço, conforme ele explica, varia de acordo com o tempo necessário em cada local.
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