Comportamento

Amanda Milléo

Mais tempo até se aposentar? Isso pode ser bom!

Amanda Milléo
01/02/2017 20:00
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(Foto: Bigstock)

A mudança na idade mínima da aposentadoria para 65 anos, discutida recentemente, pode ser um fator de estresse para quem ainda está no mercado de trabalho, mas não para todo mundo. Isso porque, de acordo com levantamento feito pela Deloitte Greenhouse Experience, fazer tarefas que não estão alinhadas ao perfil do profissional, cometer erros e ter conversas difíceis com colegas estressam mais que o excesso de trabalho.
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“Intuitivamente, pensamos que o excesso de atividade seria o principal gerador de estresse, e ele aparece na maioria das pesquisas sobre o tema. Mas é uma ilusão achar que é só isso. Não se trata de ter muita coisa para fazer, mas tudo ser urgente, faltar um planejamento melhor ou mesmo ter um conflito de interesses ou de valores com o trabalho”, explica Carolina Walger, psicóloga especialista em gestão estratégica de pessoas e conselheira do Conselho Regional de Psicologia do Paraná.
Para 82% dos mais de 23 mil entrevistados, de 120 países, cometer erros é a causa principal de estresse. Em seguida, para 52% dos profissionais, o estresse também está no excesso da carga de trabalho, expedientes longos, equilibrar diferentes responsabilidades, passar por situações de conflito, receber uma advertência ou ter de passar mensagens difíceis a colegas de profissão.
Aos trabalhadores que estão ansiosos pela aposentadoria, ter mais tempo até a chegada da idade mínima e do tempo de contribuição pode ser sofrido, mas quem ainda não está pronto para o pós-carreira deve usar esse tempo a mais para se programar. “O estresse gerado por essa mudança é bem individual, e não está ligado ao contexto do trabalho, mas do trabalhador, em como ele percebe esse tempo a mais trabalhando. Isso é bem relativo. O que é muito trabalho para mim pode não ser para você, o que é chato para mim não é para você”, diz a psicóloga.
Estresse nem sempre impacta na produtividade
Muitas empresas se interessam pelo nível de estresse dos funcionários, mas nem todas, e isso tem uma explicação. De acordo com a psicóloga especialista, o estresse nem sempre gera afastamento e queda da produtividade.
“É diferente de uma Lesão por Esforço Repetitivo (LER) que afasta o empregado ou a depressão que tende a reduzir a produtividade. Uma pessoa com nível de estresse não tão avançado pode produzir bastante e bem. O estresse, inclusive, incentiva a isso. Ao longo do tempo, claro, o estresse acaba interferindo na saúde”, explica Walger.